População e representantes do poder público se reuniram nessa quarta-feira, dia 14 de julho, na Câmara Municipal de Sete Lagoas para discutir o valor dos preços dos combustíveis praticados em Sete Lagoas.
Estiveram presentes no evento, o presidente do Procon Municipal, José Lucas Filho; o representante da sociedade civil, Adilson Matos; o do presidente do PSOL Paulo Canabrava; e o presidente da empresa de transporte Cooperseltta, Luiz Carlos Fernandes. Dos vereadores esteve presente somente Marcelo da Cooperseltta, que sugeriu a reunião.
Além dos presentes, foram convidados os representantes dos postos de gasolina da cidade, porém nenhum membro ou órgão representativo da classe compareceram a reunião. Um dos apresentados durante a reunião foi o valor do combustível cobrado em cidades vizinhas, como por exemplo, Paraopeba e Curvelo, que em média é R$0,30 mais barato que Sete Lagoas.
Segundo Adilson Motos, representante da sociedade civil, a prática coloca por terra a questão de que o frete cobrado pelo transporte dos combustíveis seria o grande vilão quanto aos preços. “O que precisamos é de um esclarecimento de como é feita essa cobrança. Sabemos que em Sete Lagoas, além dos preços estarem bem acima do valor cobrado por outras cidades, também acontece uma espécie de tabelamento do preço dos combustíveis nos postos. Isso, de fato, prejudica o consumidor da cidade”, afirmou.
Para o vereador Marcelo Cooperseltta, a audiência foi o começo de uma série de ações com o objetivo de tentar esclarecer à população como são tabelados os preços na cidade. “Um levantamento que eu tive acesso mostrou que, além cobrar um valor acima do mercado, Sete Lagoas está praticando o preço máximo na tabela de valores”, denunciou.
O assunto, que está em aberto no Ministério Público, também será avaliado a partir de agora pelo Procon Municipal de Sete Lagoas. De acordo com o representante do órgão na cidade, José Lucas Filho, hoje a cidade está com valores em torno de R$2,89 para gasolina, contra 2,53 em outros lugares. Conforme avaliado por Lucas, a ideia é que os próprios postos possam esclarecer a população o motivo da cobrança elevada. “O Procon ainda não tem condições de fiscalizar e aplicar multa nos postos de gasolina, nós vamos providenciar ações para que os postos revejam essa cobrança”, afirmou.
O presidente da empresa de transporte Cooperseltta, Luiz Carlos Fernandes hoje, avalia que o valor cobrado pelo frete do combustível é de cerca de R$250 para um transporte de 45 mil litros, preço que não tem valor significativo para os postos de combustíveis. “Em média é cobrado R$0,02 centavos de transporte por litro, isso não é significativo pelo valor que é cobrado na bomba”, acredita.
Outro problema apresentado pelo presidente do PSOL, Paulo Canabrava , é que não existe um critério que justifique o atual valor cobrado pelos combustíveis, em destaque a gasolina que sempre tem valor superior ao diesel e ao álcool. Ele também destaca que são cobrados os mesmos preços em diferentes postos da cidade. “Sete Lagoas tem um Cartel do combustível e eu não tenho medo de dizer isso. Hoje, de 24 postos, 18 tem o mesmo preço e isso é inadmissível”, avalia.
Em nota, a Petrobras informou que o valor cobrado pelo combustível nas bombas não está relacionado ao cobrado pela empresa, que dentro do processo apenas revende os combustíveis. A Petrobras informou que não intervém nos preços cobrados pelas distribuidoras, que avaliam de forma individual a cobrança.
Itálo Castelo Branco, Coordenador Regional da Juventude do Partido dos Democratas, afirma que a cada dia o cidadão sente no bolso a arbitrariedade dos valores cobrados na cidade. Como protesto ele conta que não abastece em Sete Lagoas, mas sim em cidades como Curvelo e Paraopeba. Ele mostrou que em Paraopeba o valor da gasolina está em R$2,59 contra R$2,94 em Sete Lagoas. “Isso é um abuso contra o cidadão. A gente sente muito por não ter nenhum representante de postos aqui, porque fica faltando uma explicação de como são os critérios de cobrança”, avaliou.
Representando o movimento “Acorda Sete Lagoas”, Bruna Regina foi à audiência manifestar contra o alto gasto com combustíveis na cidade, não só para quem tem carro mas também para quem usa o transporte coletivo. “Na minha casa ninguém tem carro, mas eu venho protestar contra o preço dos combustíveis e conseqüentemente o alto valor das passagens em Sete Lagoas, que hoje também é abusiva”, relata.
Por fim, Marcelo Cooperseltta disse que a ata de reunião será entregue a todos os postos de combustíveis da cidade para que posteriormente os mesmos possam se pronunciar diante da sociedade sobre o problema. “Nossa intenção é entender como a prática acontece, da forma correta e assim poder agir junto à sociedade”, concluiu.
por Cíntia Rezende