Menu

MEC pretende usar lei Rouanet para ajudar a custear universidades federais

O Ministério da Educação anunciou nesta quarta-feira (17) um novo programa para incentivar a captação de recursos privados para as universidades federais.

MEC propõe usar lei Rouanet para ajudar a custear universidades federais — Foto: Leo Fontes - 22/05/17MEC propõe usar lei Rouanet para ajudar a custear universidades federais — Foto: Leo Fontes - 22/05/17

Entre as medidas, estão a constituição de fundos imobiliários para vender imóveis ociosos que façam parte do patrimônio da União, a possibilidade de participação de Organizações Sociais na gestão de parte dos gastos e o aumento da captação de recursos do setor privado para financiar projetos — como o uso econômico do espaço público.

A proposta também prevê consórcios entre universidades para diminuir custos em aquisições.

Em outra frente, o projeto prevê que museus ligados a universidades possam captar recursos da Lei Rouanet. Isso já foi usado, por exemplo, no Museu Nacional, vinculado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Mas, embora tenha sido autorizado a utilizar a legislação, o museu não conseguiu encontrar empresas interessadas em custear os projetos aprovados.

Agora o MEC quer incentivar mais a utilização desse recurso e abrir a mesma possibilidade para bibliotecas universitárias. "Queremos nos transformar na Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) da educação. Queremos que a educação brasileira seja um produto tipo exportação", afirmou o secretário de educação superior, Arnaldo Lima.

A adesão ao novo programa do MEC, chamado Future-se, será opcional.

O valor estimado para o programa é de R$ 102 bilhões, dos quais R$ 50 bilhões são de patrimônio da União, R$ 33 bilhões de fundos constitucionais, R$ 17,7 bilhões de lei de incentivos fiscais e depósitos à vista.

O restante viria das demais fontes de financiamento previstas no projeto, como recursos da cultura, cessão e comodato de espaços físicos das universidades e também fundos patrimoniais.

Ao resumir a proposta, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que haverá quatro meios para obter recursos: "patrocínio, patrocinador, aluguel e parceria".

Para Lima, o modelo visa aumentar a autonomia das universidades. "Algumas pessoas que não vão ler o projeto vão dizer que é privatização. O que é completamente errado", disse. "As receitas são adicionais no orçamento."

A proposta deve passar por consulta pública. A ideia é enviar o projeto para o Congresso até o fim de agosto. Entre as leis que precisam ser alteradas, estão a lei de fundos constitucionais, dos depósitos à vista, de incentivos fiscais e o marco legal de ciência e tecnologia.

Um dos pontos principais do projeto é a constituição de fundos imobiliários para venda de imóveis ou terrenos ociosos. A ideia é estimular o uso de imóveis da União e arrecadar por meio de contratos de cessão de uso, concessão, fundos de investimento e parcerias público-privadas.

Segundo o ministério, a ideia é que rentabilidade desses fundos seja revertida para o orçamento das instituições. Na apresentação, Lima citou como exemplo a rentabilidade que poderia ser gerada com a transformação de um terreno em um shopping center, por exemplo. "Temos aqui a UFRJ que está fazendo a gestão do Canecão", citou também como exemplo.

Outra possibilidade de recurso extra seria a constituição de fundos patrimoniais, regulamentados no ano passado. Eles recebem verba privada e são geridos por entidades sem fins lucrativos criadas para esse fim.

Algumas universidades e faculdades já utilizam expedientes similares. Um exemplo é a Escola Politécnica da USP.

"Por ser um fundo de investimento negociado em Bolsa, por CVM, ele tem autorregulação, tem pessoas acompanhando, e é obrigado a revelar questões de rentabilidade. E quando o retorno voltar para as OSS [Organizações Sociais], vamos ter transparência de onde esse dinheiro está sendo investido", disse Lima. "Mas queremos sobretudo ter gestores que entendam desse ramo."

De acordo com o ministério, organizações sociais poderão participar da gestão imobiliária, limpeza e vigilância, por exemplo, além da captação de investimentos do setor privado. "Essas atividades operacionais podem ser geridas pelas organizações sociais", disse.

O projeto prevê ainda a possibilidade de autorização de naming rights, quando o nome de empresas e patrocinadores pode aparecer na instituição.

Para o ministro, o programa deve solucionar a crise vivida por algumas instituições. Ele citou como bom exemplo nesse sentido a Ebserh, empresa pública de gestão de hospitais universitários criada em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT).

Um dos pontos da proposta é que esses hospitais passem a fazer a cobrar ressarcimento das operadoras de planos de saúde pelo atendimento de seus usuários.

Em outra medida, o projeto também prevê estímulo à oferta de intercâmbio de estudantes e bolsas para atletas ou aqueles com alto desempenho acadêmico.

Outra proposta é a criação de um ranking com indicadores de desempenho para avaliar quais universidades foram mais eficientes na gestão dos gastos.

Protesto

No início do anúncio, o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, interrompeu a cerimônia para pedir mais recursos para educação.

"Ministro, cadê o dinheiro da educação? Queremos solução para os estudantes que estão sem bolsa. Queremos uma resposta para isso, uma resposta imediata. Como vamos pensar um projeto para o futuro se no presente não funciona?", questionou.

"É isso que precisamos: de investimento público para educação. É importante que tenha parceria, mas precisamos de politica pública. A situação que ocorreu na UFMT não ocorria há 20 anos."

O ministro não respondeu às questões. Em seguida, convidou o estudante para acompanhar o anúncio, desde que não interrompesse novamente. Lima, por sua vez, disse que a busca por novos recursos era o objetivo do projeto Future-se.

"Vamos tirar os preconceitos da nossa garganta e colocar no nosso bolso", disse o secretário em mensagem a estudantes no fim da apresentação. No domingo (14), Weintraub já havia reagido a rumores que circularam nas redes sociais e negado a cobrança de mensalidade de alunos de graduação.

Essa medida dependeria de mudança na Constituição. Atualmente, o STF já permite que as universidades públicas cobrem por cursos de especialização (lato sensu).

Nesta terça-feira, enquanto as medidas do novo programa eram apresentadas aos reitores no auditório do ministério, Weintraub divulgou nota em que prometia tomar medidas administrativas e judiciais contra os responsáveis pelo que chamou de "má gestão" da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).

A instituição teve a luz cortada por falta de pagamento. O débito, que vinha desde o governo anterior, somava R$ 1,8 milhão.

Com Folhapress



Publicidade

+ Brasil

Anvisa publica resolução que veta cigarros eletrônicos no Brasil

Anvisa publica resolução que veta cigarros eletrônicos no Brasil

Nesta quarta-feira (24), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma resolução que proíbe a fabrica...

Consulta ao lote residual de restituição do Imposto de Renda inicia nesta terça-feira (23)

Consulta ao lote residual de restituição do Imposto de Renda inicia nesta terça-feira (23)

A Receita Federal liberou nesta terça-feira (23) a consulta ao lote residual de restituição do Imposto de Renda Pessoa F...

Invasão ao sistema do governo federal não foi obra de hackers, diz Haddad

Invasão ao sistema do governo federal não foi obra de hackers, diz Haddad

Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, negou que a recente invasão ao Sistema de Administração Financeira (Siafi) tenha s...

Fabricante chinesa supera Volkswagen em disputa judicial e planeja lançar versão do Fusca no Brasil

Fabricante chinesa supera Volkswagen em disputa judicial e planeja lançar versão do Fusca no Brasil

A Volkswagen, fabricante alemã, acusou a Great Wall Motors (GWM), montadora chinesa de carros elétricos, de imitação des...

Chamadas suspeitas: Como reconhecer possíveis golpes telefônicos; veja aqui

Chamadas suspeitas: Como reconhecer possíveis golpes telefônicos; veja aqui

Quem nunca se viu nessa situação? O telefone toca, um número desconhecido aparece na tela e surge o dilema: atender ou n...

Preço dos alimentos aumentou, dizem 79% dos brasileiros ao Ipec

Preço dos alimentos aumentou, dizem 79% dos brasileiros ao Ipec

Pesquisa do Ipec divulgada neste domingo (21) aponta que 79% dos brasileiros acreditam que o preço dos alimentos aumento...

Aposta única ganha o prêmio de R$ 102,1 milhões da Mega-Sena; confira os números sorteados

Aposta única ganha o prêmio de R$ 102,1 milhões da Mega-Sena; confira os números sorteados

No último sábado (20), em São Paulo (SP), foi divulgado o resultado do concurso 2715 da Mega-Sena, com um prêmio total d...

Justiça mantém prisão de mulher que tentou obter empréstimo com cadáver do tio

Justiça mantém prisão de mulher que tentou obter empréstimo com cadáver do tio

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu, em uma audiência de custódia realizada na quinta-feira (18), que Érika ...

André Marques revela batalha pessoal contra vício em tabaco

André Marques revela batalha pessoal contra vício em tabaco

O ex-apresentador da Globo, André Marques, expressou em suas redes sociais a luta que enfrenta contra o vício em cigarro...

Dicas de viagem: 8 aplicativos que todo viajante deveria conhecer

Dicas de viagem: 8 aplicativos que todo viajante deveria conhecer

É fato: a tecnologia continua facilitando a vida dos viajantes aqui no Brasil e ao redor do mundo. Com o surgimento de n...

O SeteLagoas.com.br utiliza cookies e outras tecnologias para melhorar a sua experiência!
Termos