Desde 2014 todos os treinadores do Atlético foram demitidos antes de terminar o contrato
Nos últimos anos, a instabilidade do cargo de treinador do Atlético não causou só prejuízos técnicos, mas também financeiros. Desde a saída de Cuca no fim de 2013, o último comandante não demitido pela diretoria, o Galo teve nove profissionais na função, considerando as duas passagens de Levir Culpi.
Numa conta da reportagem, o alvinegro teria que pagar, salvo acordo entre as partes, o equivalente a 5 anos e 9 meses de salários a treinadores que já não colocam os pés na Cidade do Galo.
Todo contrato firmado com um jogador ou um treinador é feito por prazo determinado. Quando o trato é desfeito, normalmente por iniciativa do clube, o técnico tem direito a receber seus vencimentos mensais pelo restante do vínculo.
Entretanto, acordos de cavalheiros e cláusulas no contrato aliviam o peso econômico da "máquina de moer" técnicos do clube alvinegro.
No distrate, costuma-se faz um acordo, que sai bem para ambas as partes e evita questionamentos jurídicos. Até 2011, a legislação dizia que, se um clube quisesse dispensar um profissional, poderia pegar o montante a receber, dividir por dois, e quitar a dívida com o treinador à vista ou em parcelas, dependendo das cifras salariais.
Quando demitiu Dorival Junior, naquele ano de mudança da lei, por exemplo, o Galo fez um acordo de pagar em 16 vezes a multa do técnico.
Em 2011, a lei mudou, obrigando a agremiação a pagar o valor integral do contrato, o que, no entanto, não impede acordos individuais para o pagamento dos salários devidos. No Atlético, houve nove quebras de contrato nos últimos seis anos.
Cinco no mesmo ano
Aguirre, por exemplo, aceitou o convite do clube para dois anos de trabalho, mas ficou apenas cinco meses. Resultado: a diretoria atleticana teve que negociar o que seriam 19 meses de pagamento de salário para o treinador que havia retornado ao Uruguai.
Aguirre, Marcelo Oliveira, Roger Machado e Rogério Micale iniciaram seus trabalhos em momentos distintos, mas todos os contratos - alguns mais longos, outros mais curtos - acabariam em dezembro de 2017. Contudo, nenhum deles chegou até lá. Em determinado momento, além de pagar pelo período acordado para esses treinadores, o Atlético ainda arcava com os salários de Oswaldo de Oliveira, treinador empregado no último trimestre daquele ano.
No caso de Micale, com salário baixo, o campeão olímpico saiu do Galo recebendo apenas mais um salário extra de "multa" e não onerou ainda mais a folha.
Entretanto, no ano passado, a diretoria do Atlético finalizou a temporada 2018 pagando Oswaldo de Oliveira, Thiago Larghi (demitidos) e Levir Culpi, que foi sacado do comando neste mês e, segundo apurou a reportagem, seu contrato não previa pagamento de multa, apenas as verbas rescisórias contumazes (13º salário, férias...).
Confira o período para o qual o treinador foi contratado, quando acabou dispensado e o restante de meses devidos (não considera 13º salário):
Paulo Autuori
Período contratado: jan-dez/2014
Saiu: abril/2014 = 8 meses devidos
Levir Culpi
Período contratado: abri-dez/2014
Renova jan-dez/2015
Saiu nov/2015
= 1 mês devido
Diego Aguirre
Período contratado: jan/2016-dez/2017
Saiu mai/2016
= 19 meses devidos
Marcelo Oliveira
Período contratado: jun/2016-dez/2017
Saiu nov/2016
= 13 meses devidos
Roger Machado
Período contratado: dez/2016-dez/2017
Saiu jul/2017
= 5 meses devidos
Rogério Micale
Período contratado: jul/2017-dez/2017
Saiu set/2017
= 3 meses devidos
Oswaldo de Oliveira
Período contratado: set/2017-dez/2018
Saiu fev/2018
= 10 meses devidos
Thiago Larghi
Período contratado: fev/2018-jun/2018 (interino) /
jun/2018-dez/2018 (efetivo)
Saiu out/2018
= 2 meses devidos
Levir Culpi
Período contratado: out/2018-dez/2019
SAIU abr/2019
= 8 meses devidos
TOTAL de meses devidos = 69 meses = 5 anos e 9 meses
Com O Tempo