A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Governo de Minas assinaram convênio de mais de R$ 22 milhões para a construção de 1.736 lagos de múltiplo uso e 17.360 barraginhas em 24 municípios localizados na região Norte de Minas Gerais. Os recursos – viabilizados pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome) – foram assegurados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas e a previsão de início das obras é julho deste ano, com previsão de término em fevereiro de 2014. As ações serão executadas pelo Idene (Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais).
O convênio foi assinado no dia 10, pelo secretário de Estado Gil Pereira e pelo chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Antônio Álvaro Corsetti Purcino, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. De acordo com o secretário, a construção das barraginhas deverá amenizar de forma significativa o efeito da seca no Norte e Nordeste do Estado, considerada como uma das piores dos últimos 50 anos. Na última segunda-feira, 08, a presidenta Dilma Rousseff anunciou um investimento de R$ 32 bilhões nessas regiões em obras estruturantes para conter os efeitos da estiagem prolongada, como barragens, canais, adutoras e estações elevatórias.
Segundo o engenheiro agrônomo Luciano Cordoval de Barros, responsável pelas tecnologias barraginhas e lago de múltiplo uso na Embrapa Milho e Sorgo, situações de dificuldade vividas e já vencidas por outras comunidades trazem ânimo para transferir a tecnologia. “Em Minas Novas, no Alto Jequitinhonha, por exemplo, agricultores que sofriam com a falta d’água hoje conseguem plantar milho mais de uma vez por ano. E com as nascentes sempre cheias”, diz, cheio de entusiasmo antes de começar mais uma etapa da expansão do projeto. Para Antônio Álvaro, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, o papel social dessas tecnologias também é preponderante. “As barraginhas são tecnologias que geram empregos a um custo muito baixo. A Embrapa está de portas abertas para transferir conhecimento”, disse.
CONHEÇA AS TECNOLOGIAS – A integração de barraginhas e lagos de múltiplo uso permite aumentar a disponibilidade de água nas propriedades rurais. O sistema de barraginhas consiste na construção de miniaçudes em áreas de pastagens, lavouras e beiras de estradas. Esses açudes de captação de água de chuva ficam distribuídos na propriedade de modo que as águas das enxurradas são armazenadas, evitando erosões e amenizando enchentes. O sistema ajuda aproveitar, de forma eficiente, a água das chuvas irregulares e intensas. Ao barrar as enxurradas, as barraginhas darão tempo para que a água se infiltre no solo recarregando o lençol freático. A recarga do lençol freático abastece os mananciais, permitindo a revitalização de córregos; eleva o nível de cisternas e umedece o solo, podendo proporcionar o aparecimento de minadouros.
O aproveitamento da maior quantidade de água disponível na propriedade pode se dar com o abastecimento de pequenos lagos. Os lagos de múltiplo uso são impermeabilizados com lona plástica, a construção é de custo baixo e podem ser utilizados como reservatório para irrigação de hortas, abastecimento de comunidades e como criatório de peixes. Hoje, há cerca de 500 mil barraginhas em todo o país. Apenas em Minas Gerais são aproximadamente 300 mil em mais de 500 municípios, sobretudo do Cerrado e do Vale do Rio São Francisco. No Nordeste, são cerca de 30 mil barraginhas.
Embrapa Milho e Sorgo