Estudantes de pelo menos três cidades de Minas Gerais terão de improvisar para convidar parentes e amigos para as comemorações de formatura. Universitários de sete cursos em Belo Horizonte, Sete Lagoas, na Região Central do estado, e de São João del Rei, no Campo das Vertentes, denunciam o “sumiço” de uma empresa de convites e relatam a frustração diante do que acreditam ser um “calote”.
Representantes das comissões de formatura dizem que, após atrasos na entrega do material, pararam de conseguir contato com funcionários e proprietários da firma no fim de dezembro. Em todos os casos, a situação se repete. Mensagens e e-mails deixaram de ser respondidos e ligações para telefones fixos e celulares não são mais atendidas. Na página da empresa na internet, a mensagem é: “objeto não encontrado!”.
A equipe de jornalismo tentou contato por telefone com algum responsável, sem sucesso. No endereço físico, que consta em contratos assinados pelos estudantes, ninguém foi encontrado na manhã desta sexta-feira (6). O imóvel, localizado na Região da Pampulha, na capital mineira, parece estar vazio. Uma vizinha disse que o local está fechado desde antes do natal. Segundo ela, o movimento por lá é de pessoas em busca de informações.
De acordo com alunos, a empresa estaria em processo de troca de nome. Alguns contratos assinados recentemente já aparecem com a nova marca. Sem repostas sobre o que está acontecendo, a maioria das turmas pretende acionar a Justiça. Um funcionário com que o G1 conversou afirmou estar desconfiado que a empresa tenha falido, mas também está sem informações.
Na Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), uma turma de engenharia de produção pode ter tido prejuízo de cerca de R$ 19 mil. A estudante Christiane Magid Rodrigues Assun, de 22 anos, faz parte da comissão de formatura que reúne aproximadamente 50 alunos. Ela diz que chegou a pensar que a empresa estava em recesso de fim de ano, mas passou a desconfiar da situação quando viu um boato sobre uma possível falência.
A turma chegou a receber a prova do convite por e-mail. Porém, desde o dia 21 de dezembro, deixaram de ter notícias da firma. As tentativas de contato foram inúmeras, de acordo com Christiane, mas todas em vão. Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Militar (PM).
Em Sete Lagoas, alunos de duas faculdades também relatam possíveis prejuízos. “Pode ser que realmente eles tenham falido, porque, no cenário em que a gente está vivendo hoje, muitas empresas estão fechando. Mas a postura deles não foi bacana. Poderiam nos ter dado alternativa. Para mim, é coisa de gente de má fé. A gente fica indignado, mas sem poder fazer nada”, diz uma aluna do curso de farmácia da Faculdade Ciências da Vida, que prefere não ser identificada.
A jovem, de 26 anos, conta que a turma dela fechou contrato com a empresa em junho do ano passado depois de um representante da firma procurar a comissão de formatura. Segundo ela, outras turmas da faculdade já haviam contrato o serviço, e nenhum problema havia ocorrido. Os cerca de 25 alunos da sala desembolsaram quase R$ 7 mil.
Segundo ela, inicialmente, a firma hesitou em informar a data precisa para a entrega dos convites. A desculpa, ela afirma, era um problema com o fornecedor de capa dura. O último contato foi no dia 27 de dezembro.
Na Unifemm, ao menos 85 alunos também podem ter sido prejudicados, de acordo com a estudante Nayara Silveira Fraga, de 28 anos. Ela representa a comissão de formatura dos cursos de ciências contábeis, engenharia elétrica, engenharia ambiental e ciências biológicas. No total, mais de R$ 22 mil foram gastos com os convites, que nunca foram entregues. Nayara contou que, cerca de duas semanas antes de perder contato com os funcionários e com um dos donos, esteve na sede da empresa. Lá, segundo ela, viu a boneca do convite, e tudo parecia funcionar normalmente.
De acordo com a estudante, o prazo para entrega era 15 de dezembro e, após um adiamento de quatro dias, veio o “sumiço”. Os alunos da Unifemm chegaram a viajar para Belo Horizonte, mas não encontraram ninguém no endereço da empresa.
Na capital mineira, 13 formandos de publicidade de uma faculdade particular também estão sem os convites. Uma aluna, que pediu para não ter o nome e a instituição de ensino em que estuda divulgados, reclama ainda de outros problemas com a empresa, como corte de brindes. Segundo a jovem, de 24 anos, a firma seria responsável por fornecer as camisas para foto dos convites, mas não teria cumprido o compromisso.
Ela conta que o cerimonial contratado pela sala era o responsável por repassar o dinheiro à empresa e que parte do valor ainda não havia sido pago à firma. Por isso, ainda não sabe o valor total que pode chegar o prejuízo. “Como cliente, a gente fica frustrado por que era para a gente realizar um sonho que, a princípio, a gente queria que saísse perfeito”, lamenta.
Da Redação com G1