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O que vale mais a pena, ir de carro próprio ou utilizar apps; fique sabendo

Há um ano e meio, a jornalista Raquel Domingues vendeu o carro. Ela confessa que sente saudade da comodidade, mas, depois de colocar todos os gastos no papel, tem certeza de que abrir mão do veículo foi a melhor decisão. “Só de seguro era R$ 1.000, gasolina nunca para de subir. Por isso, vale mais a pena andar de metrô e aplicativos”, afirma. A bancária Lívia Leite, 31, também fez as contas e chegou à mesma conclusão, mas a decisão foi outra. “Considerando os custos de IPVA, seguro, gasolina, estacionamento e manutenção, é inviável. Ao analisar o lado não financeiro, como a agilidade, optei por manter o carro”, diz Lívia. Então o que vale mais a pena: ter carro ou usar só aplicativos? Dois especialistas ouvidos pela reportagem deram a mesma resposta: depende.

Para quem roda muito vale a pena utilizar veículo próprio/Foto: DivulgaçãoPara quem roda muito vale a pena utilizar veículo próprio/Foto: Divulgação

Os casos de Raquel e Lívia confirmam que a decisão é pessoal, mas, para ajudar a calcular o custo-benefício de cada modalidade, o professor de ciências contábeis do Ibmec Bruno Flávio de Araújo montou uma planilha para a reportagem. A simulação considerou um carro de R$ 40 mil, pago à vista, com consumo de 10 km por litro. A tarifa média para os aplicativos foi de R$ 2, considerando distância e tempo, para alguém que faz só duas corridas por dia. Em todas as simulações, trocar o carro por aplicativo só foi mais vantajoso quando o trajeto é curto e a despesa mensal com estacionamento é alta.

“Se pessoa usa muito pouco o carro e percorre pequenas distâncias, inevitavelmente será melhor o aplicativo. Mas, se o trabalho é longe da casa, o carro vai ser melhor”, destaca Araújo. Isso se a pessoa fizer só duas corridas, pois, para cada vez que ela aciona aplicativos como Uber, Cabify e 99, a tarifa inicial costuma ser de R$ 7.

Araújo considerou todos os gastos que um proprietário de veículo tem. Estimou o seguro como 5% do valor do carro, mais 4% de IPVA, além das despesas com licenciamento e Dpvat, combustível e lava a jato. Também projetou uma troca do veículo em cinco anos, considerando a depreciação anual de 10%, o que faria o carro valer R$ 20 mil na época da substituição. Ao longo de cinco anos, o consumidor que percorre cerca de 20 km por dia gastaria R$ 35.812,60, além do preço do que pagou pelo veículo. Se colocasse os R$ 40 mil na poupança e usasse os rendimentos para bancar corridas com aplicativos, o saldo zeraria em três anos. Até completar os cinco, ele gastaria mais R$ 32.929,33 com aplicativos.

Já quem percorre distâncias maiores, de 40 km por dia, gastaria R$ 51.583,60 com o carro próprio e R$ 91.117,47 com os aplicativos. Ou seja, para quem anda até 20 km, utilizar aplicativos sairia cerca de 10% mais barato do que manter o carro. Já para quem percorre 40 km, o uso de aplicativos sairia cerca de 75% mais caro. Esses cálculos foram feitos para quem usa estacionamento. Tirando essa despesa, quem tem carro e anda 20 km por dia gastaria R$ 17.812,80. “Isso vale se o carro foi pago à vista. Se tiver prestação, o cálculo muda muito”, destaca.

Financiamento. Quem dá uma entrada de metade do valor do veículo e financia R$ 20 mil, além das despesas usuais, teria a prestação de R$ 1.150. Nesse caso, quem anda até 20 km por dia gastaria, ao fim de cinco anos, cerca de R$ 70 mil com o próprio carro. Se fosse usar os aplicativos, a despesa cairia para R$ 55 mil, ao fim de cinco anos.

Perdas

Depreciação. Segundo estimativas do professor do Ibmec Bruno Araújo e do educador financeiro Reinaldo Domingos, um carro desvaloriza 10% ao ano. Em cinco anos, perde 50%.

Fator financeiro não é o único ponto que pesa na decisão

Lívia Leite, 31, e o marido cogitaram vender um dos carros da família, mas desistiram. “A rapidez, o conforto e a insegurança sobre a qualidade do carro de um aplicativo nos fizeram manter os dois veículos. Em algumas corridas, os motoristas dos apps ainda desistem”, diz.

“Às vezes eu estacionava perto da estação e ia trabalhar de metrô, mas um dia eu cheguei e meu carro estava arrombado”, lamenta Raquel Domingues, que optou pela venda do carro.
Segundo o professor do Ibmec Bruno Flávio de Araújo, mesmo que se chegue a uma conclusão financeira, existem muitos outros aspectos a serem levados em conta. “Tem gente que gosta de ter carro, mas outros não gostam de dirigir”, exemplifica.

Da Redação com OT



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