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Fauna do rio São Francisco já sofre danos devido a tragédia em Brumadinho

A lista de danos ambientais causados pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão da Vale, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro, tem um novo acréscimo. Foi constatado que os rejeitos da barragem já contaminaram o rio São Francisco.

Água escurecida e contaminada do São Francisco./ Foto:Leo Barrilari (S.O.S. Mata Atlântica)Água escurecida e contaminada do São Francisco./ Foto:Leo Barrilari (S.O.S. Mata Atlântica)

A informação foi recolhida pela Fundação S.O.S. Mata Atlântica, que monitora o impacto ambiental através de uma expedição pelo rio Paraopeba (afluente do Velho Chico). De acordo com os dados, alguns trechos do Alto São Francisco já estão comprometidos e a água tornou-se imprópria para consumo humano. Das doze amostras recolhidas, nove estavam em condição ruim e três em situação regular.

A turbidez (transparência)da água pode ser um indicativo de falta de qualidade para consumo. No trecho a partir do Reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de Felixlândia e Pompéu, em Minas Gerais, até o Reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco, a turbidez estava acima dos limites legais definidos pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para a qualidade da água doce superficial.

“O medo é que aconteça o mesmo que ocorreu com o rio Doce no desastre de Mariana”, explica Malu Ribeiro, assessora da S.O.S. Mata Atlântica especialista em água. Naquele desastre as barragens da mineradora Samarco se romperam, causando uma onda de lama que matou 19 pessoas e deixou um rastro de destruição ao longo de mais de 600 quilômetros da Bacia do Rio Doce, até o litoral do Espírito Santo. O dano foi tão grande, que em alguns trechos houve perda de fauna aquática e até aves desapareceram do entorno, conta a pesquisadora.

Mesmo com os esforços para conter os rejeitos de minério no Reservatório Retiro Baixo, as partículas contaminantes mais finas estão conseguindo ultrapassar e descer o rio. Mesmo não contendo metais pesados, esses pequenos fragmentos não alteram a cor do rio, o que pode fazer com que a população, que antes consumia a água, tenha a falsa sensação de qualidade. Ribeiro alerta que a situação “é um conta-gotas de veneno".

A boa notícia é que existe a possibilidade de limpeza do São Francisco. Contudo, todo o processo pode levar décadas, pois depende da capacidade dos reservatórios de Três Marias e Retiro Baixo, que devem funcionar como barreira para conter os rejeitos mais pesados, e de um plano das autoridades para recuperar as nascentes da região.

A pesquisadora e outros membros da ONG entregaram o relatório O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica, publicado nesta sexta-feira, à Câmara dos Deputados e ao Ministério Público na quarta-feira e pretendem ir ao encontro da população ribeirinha para conversar e alertar sobre os riscos da água.

Com El País



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