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Cresce 20% o número de acidentes com vítimas no Anel Rodoviário em BH

Após dois anos com queda nos índices de acidentes com vítimas, o Anel Rodoviário de Belo Horizonte voltou a registrar aumento nas ocorrências. As colisões entre veículos, com pelo menos um ferido, cresceram 20% no primeiro semestre deste ano. Uso de celular ao volante e motociclistas se arriscando nos corredores em meio aos carros e caminhões ajudam a explicar o atual cenário.

Caminhão trafega pela pista da esquerda e motos ultrapassam pelo corredor — Foto: Maurício VieiraCaminhão trafega pela pista da esquerda e motos ultrapassam pelo corredor — Foto: Maurício Vieira

Os casos são mais frequentes nos bairros Carlos Prates (região Noroeste da capital) e São Francisco (Pampulha), segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv). Na tentativa de conter o avanço nas estatísticas, a corporação irá reforçar o patrulhamento e conscientizar os condutores. No entanto, o esforço pode se tornar nulo sem os investimentos necessários para as obras de revitalização da rodovia, garantem especialistas.

Apesar de não disponibilizar a série histórica de acidentes na via, a PM confirmou a redução nos números nos últimos anos. Em 2017, o Hoje em Dia mostrou que o recuo foi de 16% na comparação com 2016. “Precisamos de uma ação macro para melhorar a infraestrutura do Anel, mas que esteja aliada, também, às ações que já fazemos de fiscalização e conscientização dos motoristas”, disse o responsável pelo policiamento no local, tenente Luiz Fernando Ferreira, da PMRv.

Motos

Conforme o militar, os registros envolvendo motos ocorrem em trechos com o estreitamento de três para duas faixas de tráfego. A presença da polícia foi reforçada próximo ao viaduto São Francisco, à Praça São Vicente e no acesso à avenida Antônio Carlos.

“Nestes locais, os automóveis se movimentam para a redução de faixas e os motociclistas, trafegando pelo corredor, acabam atingidos”, diz o oficial. Quem utiliza os veículos de duas rodas e percorre trajetos entre os carros pode ser punido. A infração é grave, com multa de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira.

Outro agravante, garante o tenente, é o abuso de dirigir e usar o celular, capaz de provocar batidas nas traseiras dos veículos e até engavetamento. “É um problema diário, cada vez mais frequente”, alertou.

Especialista em segurança viária, Agmar Bento diz que o Anel é uma rodovia com características de avenida, o que favorece os acidentes. Para o professor do Departamento de Engenharia de Transportes do Cefet-MG, enquanto não há condições de obras para melhorar a infraestrutura, a opção é intensificar o policiamento.

“A fiscalização com radares é muito boa. Mas é preciso, também, investir no patrulhamento, coibindo manobras irregulares nos pontos mais críticos”, analisa. Ele reforça, também, a importância de investimento em ações de educação no trânsito para aprimorar a conduta de motociclistas, motoristas e pedestres.

Pedestres também se arriscam ao andar pela pista e atravessar fora das passarelas — Foto: Maurício VieiraPedestres também se arriscam ao andar pela pista e atravessar fora das passarelas — Foto: Maurício Vieira

Obras necessárias

Pós-doutor em Engenharia de Transportes, Guilherme Leiva faz ressalvas. “Pode até chegar a um resultado, um cenário de redução das estatísticas. Mas não é uma solução”, pondera o especialista, que também cobra intervenções capazes de reduzir os perigos oferecidos pela via.

Áreas de escape

Em meio ao aumento nos índices de acidente, a BHTrans pretende apresentar, em 12 de agosto, projeto para construir três áreas de escape para veículos de carga no Anel Rodoviário. A primeira seria colocada no km 542, nas imediações do bairro Buritis (Oeste). Os outros locais ainda estão em análise.

As intervenções serão apresentadas ao grupo de trabalho “Aliança pela Vida”, instituído pela Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) em 2018 e que discute a segurança e a gestão do corredor. Caso aprovadas, as intervenções serão viabilizadas pela prefeitura. A BHTrans não disponibilizou fonte para dar detalhes sobre as mudanças. A empresa só irá se pronunciar após aprovação das medidas. A ANTT também não se posicionou.

Para o professor de planejamento e mobilidade urbana das Faculdades Kennedy, Marco Antônio Silveira, pontos mais críticos devem ser priorizados. Para ele, as ações devem ser acompanhadas por trabalhos de orientação junto aos motoristas em trechos anteriores às áreas de escape. “Para funcionar bem, os veículos de carga, obrigatoriamente, devem trafegar na pista da direita. Caso o controle da direção seja perdido, o veículo poderá ser levado para a área de escape”.

Retornos

A Via 040, responsável por administrar a rodovia entre os bairros Califórnia (Noroeste) e Olhos D’água (Barreiro), disse que a situação é restrita às forças de segurança. A concessionária faz blitze de conscientização em parceria com a Polícia Militar.

Em nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) disse ser responsável por pouco mais de 60% da via. Contratos de manutenção, “que garantem as boas condições de trafegabilidade da via”, estão vigentes.

Ainda segundo o Dnit, os usuários devem obedecer à sinalização.

Acidente

Nesta quinta-feira (18), moradores de uma casa no bairro Jardim Vitória, região Nordeste de BH, levaram um susto. Um motorista perdeu o controle no Anel Rodoviário e o veículo invadiu o imóvel às margens da via, derrubando parte de uma parede. O condutor alegou ter sido “fechado” por outro automóvel. Ninguém ficou ferido. De acordo com a PMRv, a ocorrência foi registrada na altura do km 458. A Defesa Civil foi acionada para vistoriar a casa. “Não existe risco estrutural do imóvel”, destacou o órgão.

Com Hoje em Dia



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