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Reforma educacional de Zema irá seguir cartilha do Unibanco aplicada em estados com indicadores abaixo da média

Amargando crise financeira e sem perspectivas de recuperação no médio prazo, o governo Zema anunciou na última semana que vai buscar na iniciativa privada soluções para um dos setores que mais precisa de investimentos no estado: a educação.

Foto Ilustrativa/Reprodução InternetFoto Ilustrativa/Reprodução Internet

A aposta é feita em meio a um momento delicado, pouco depois do corte radical de 81 mil vagas no ensino integral – um rombo que só será reparado por completo no ano que vem e que deixa 47 mil estudantes sem acesso ao ensino em tempo integral.

Este cenário já bastante negativo é agravado ainda mais em razão do desafio a ser enfrentado e superado: sair da medíocre nota de 3,59 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Ensino Médio para chegar a 4,28 em 2021.

Para realizar tal façanha, o governo estadual acaba de lançar o programa “Gestão pela Aprendizagem” que, em resumo, vai seguir à risca a cartilha que vem sendo aplicada pelo Instituto Unibanco em estados que tinham indicadores educacionais abaixo da média.

O portfólio da instituição, ligada a um dos maiores bancos do país, impressiona. Nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás e Espírito Santo, onde a prática foi implantada, os índices do Ideb, segundo o Instituto, ficaram entre os melhores do país.

Em Minas, a ideia é não apenas melhorar a aprendizagem, mas garantir a permanência dos estudantes de ensino médio na rede pública, já que a evasão do estado tem crescido.

“Nossa experiência em todos os cenários mostra que a reorganização da gestão, com os recursos disponíveis, permite saltos significativos”, garante o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques.

Especialista questiona o programa

Para Luciano Mendes de Faria Filho, professor da Faculdade de Educação da UFMG e membro do projeto “Pensar a Educação, Pensar o Brasil”, a empreitada dificilmente irá trazer mudanças profundas para a educação pública em Minas.

Ele destaca que, ao longo de décadas, os problemas estruturais não foram resolvidos no campo educacional e que questões complexas como a redução das desigualdades, o combate à evasão e a melhoria dos indicadores não podem ser resolvidas “com soluções mágicas”.

“Essas empresas utilizam a fragilidade do estado para ocupar espaços públicos com a lógica privada. Uma dessas lógicas é justamente a ideia do direito ao aprendizado como sendo substitutivo do direito a educação”, afirma.

“Todos nós sabemos que a educação é bem mais ampla do que o aprendizado de conteúdos e que estes só fazem sentido dentro da lógica de formação para a cidadania, para a cultura e para política”, acrescenta Luciano.

Ele acrescenta e adverte: o governo está buscando atalhos que podem trazer prejuízos ao estado. “Esse tipo de parceria acaba com o debate das comunidades e famílias com a gestão da educação. Portanto, não vejo o programa como algo bom”, conclui.

Com Interesse de Minas



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