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Preso homem que se passava por policial para aplicar golpes em BH

José Eustáquio Menezes Júnior, mais conhecido como Junior PC ou Grego, se passava por policial civil e iludia as pessoas com promessa de uma vaga fácil no serviço público sem necessidade de passar por concursos ou provas específicas.

Foto: Reprodução/ O Tempo Foto: Reprodução/ O Tempo

Pelo menos 85 pessoas caíram no golpe de estelionato que já chega a R$ 100 mil em Minas Gerais. José Eustáquio foi preso suspeito de oferecer vagas fantasmas para trabalho no sistema penitenciário do Estado.

Segundo a Polícia Civil, os golpes começaram a ser aplicados em setembro do ano passado. Grego e uma mulher, já identificada pela polícia, mas que não teve a sua identidade revelada, entram em contato, pelas redes sociais, com pessoas que possuem diploma de ensino superior, ofertando uma vaga para lecionar aulas de educação básica a detentos em presídios do Estado, principalmente na penitenciária Nelson Hungria e no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp).

O salário seria de pouco mais de R$ 4.000 e o empregado ainda teria benefícios como vale-transporte, vale-alimentação de aproximadamente R$ 900 e plano de saúde para a família.

Para ser contratada, a vítima não precisa passar por nenhuma prova ou exame. Os únicos pré-requisitos são ter diploma de ensino superior e pagar uma taxa de inscrição cujo preço varia entre R$ 620 e R$ 1.500. O valor da taxa não é fixo. Caso o candidato tenha o nome sujo no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ou, até mesmo, tenha registro de passagem pela polícia, pagando um valor adicional, os “delegados” cuidam de limpar o nome da vítima.

O contrato ofertado inicialmente é de cinco anos mas poderia ser renovado por mais cinco. Segundo uma das vítimas do golpe, que não será identificada por questões de segurança, a orientação dada era a de que o projeto era extremamente sigiloso.

Ela conta que foi abordada em outubro por uma conhecida, que também estaria envolvida no golpe. "Enviei os documentos para o WhatsApp dela. Tive que pagar a taxa no mesmo dia em uma conta do Rio de Janeiro. Questionei a razão de ser de lá e ela disse que a proprietária da conta era irmã do organizador. Eu paguei a mais até porque diz que eu justifiquei uma votação. Eles começaram a falar que estavam surgindo vagas e pedindo para eu indicar. As ordens vinham do Júnior PC. Ele mesmo me ligava", contou.

Segundo Fabiana, a alegação dos golpistas para a demora em permitir a tomada de posse dos cargos pelas vítimas eram ordens superiores dos delegados da Polícia Civil. "Primeiro falaram que seria no início de dezembro, depois no início de janeiro e, por fim, passou para depois do carnaval. As pessoas que desistiram por causa da demora receberam a justificativa de que receberiam o estorno após o carnaval. Até quando eu estava indicando pessoas, eu estava próxima da minha vizinha. Quando eu parei, ela já não me falava mais nada", contou.

Fabiana contou que indicou vários amigos e familiares para o projeto e que, agora, está sendo ameaçada. "Pelo fato de ser um golpe, algumas pessoas estão me ameaçando. Estão vindo na porta da minha casa, do meu trabalho. Eu não estou conseguindo trabalhar direito", afirmou. Ainda segundo ela, Júnior PC chegou a se apresentar pessoalmente e andava como um policial civil. "Ele andava com distintivo da Polícia Civil, camiseta da PC, pochete e armado", afirmou.

Segundo o chefe do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico, delegado Wagner Pinto, que é citado como coordenador no projeto, o suspeito utiliza contas de terceiros para receber o pagamento da taxa, o que levanta a possibilidade de mais pessoas estarem envolvidas no esquema. “Causa estranheza que a taxa é feita na conta de terceiros, de poupança, então não tem nenhuma guia de arrecadação. Nós ainda temos que identificar se há mais vítimas e efetivamente quais efetuaram os pagamentos”, afirmou.

Grego foi preso em flagrante na sexta-feira (9), e tentou resistir a prisão, sendo detido também por agressão aos policiais. Dentro da casa dele foram encontradas munições, cartões de banco no nome de terceiros, uma camisa da polícia civil, uma bolsa usada apenas por policiais e documentos de terceiros. Ele tem passagens pela polícia por porte ilegal de armas, agressão doméstica à ex-companheiras e falsidade ideológica.

Da redação com O Tempo



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