O deputado estadual eleito Cleitinho Azevedo (PPS) decidiu que vai morar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a partir de fevereiro, quando toma posse. Ele já consultou a direção da Casa sobre a possibilidade de fazer adaptações em seu gabinete para dormir no local. A justificativa é gerar economia, pois ele não mora em Belo Horizonte e não quer utilizar a verba do auxílio-moradia que os deputados têm direito. A situação está sendo analisada pelos técnicos da Assembleia.

O deputado Cleitinho Azevedo (PPS) toma posse em fevereiro/ Foto: Helena Cristina-CMD

De acordo com o deputado Cleitinho, ele quer fazer mudanças simples que possibilitariam utilizar o local como moradia quando tiver que ficar na capital mineira. Ele mora em Divinópolis, na região Centro-Oeste. “Quando eu fui lá conversar com o diretor da Assembleia, eu perguntei a ele se seria possível fazer essa mudança. Porque eu moro em Divinópolis e não vou usar o auxílio-moradia. Banheiro no gabinete já tem, então é só instalar um chuveiro. E aí eu vou pegar uma parte para fazer um espaço para mim com uma cama e um gabinete. Fica até bom para mim porque o dia que eu precisar ficar eu pego e durmo aqui mesmo. Aí eu acordo e já estou na Assembleia”, afirmou.

Cleitinho contou que quando disse sobre sua intenção ao diretor da Assembleia ele ficou surpreso. “Ele até deu uma travada e perguntou: ‘É isso mesmo que você quer? Isso nunca aconteceu aqui’. Aí eu respondi que eu vou querer porque eu vou precisar”, explicou. O deputado disse ainda que, por causa dessa adaptação, prefere que seu gabinete fique no edifício Tiradentes, prédio anexo da Assembleia, onde fica parte dos gabinetes dos deputados. “Eles falaram que essa escolha deve ser feita em janeiro e é por sorteio. Eu disse que prefiro ficar no edifício Tiradentes porque vai ser mais fácil para adaptar”, afirmou. A Assembleia ainda avalia se existe a possibilidade legal de Cleitinho morar no local.

Atualmente, os deputados mineiros têm direito a R$ 4.377,73 por mês para custear gastos com moradia. Esse valor é pago inclusive para parlamentares que têm casa própria em Belo Horizonte. Em 2017, a Assembleia pagou R$ 2 milhões em auxílio moradia aos deputados.

Ao fazer sua primeira visita à Assembleia, um vídeo com Cleitinho pedindo para ser apresentado aos funcionários que serviam o café viralizou nas redes sociais. Ele se recusa a usar trajes sociais e foi eleito criticando os privilégios dos políticos e pregando a simplicidade. Também atuou em defesa da causa animal, com ações voltadas ao acolhimento de cachorros de rua. Tem uma postura de valorizar o papel de fiscalização do poder legislativo. Para ele, o mais importante da função de parlamentar não é criar leis, mas acompanhar o funcionamento do Estado.

Ele trabalhava como comerciante no sacolão de verduras de sua família e depois virou músico. Começou a ficar famoso nas redes sociais gravando clipes de músicas com críticas que denunciavam problemas políticos das cidades de sua região. A motivação para virar político veio depois que percebeu que por causa de seu posicionamento crítico passou a sofrer retaliação, não sendo contratado para fazer shows. Se candidatou a vereador por Divinópolis em 2016 e foi eleito com mais de 3.000 votos, sendo o terceiro mais votado da cidade.

Na disputa pela vaga na Assembleia, ele foi eleito com mais de 115 mil votos e sua campanha foi feita nas redes sociais. Ele se recusou a utilizar dinheiro do Fundo Eleitoral e gastou R$ 24 mil para conseguir ser eleito.

Com Bernardo Miranda/ O Tempo