Dizem que contra fatos não há argumentos. Se os números são um forte indício para saber quando algo está indo bem ou de mal a pior, não há fato melhor que os próprios números. E nem precisa ser um especialista para melhor analisar a realidade financeira de cada família, de cada empresa, de cada país e de cada um de nós. Enfim, neste mundo no qual vivemos somar, subtrair, multiplicar e dividir é a matemática mais usada para medir o termômetro financeiro e econômico.

Ainda não se sabe, no entanto, o porquê de nós brasileiros apesar de tantos impostos que pagamos ao longo do ano, de tantas dívidas acumuladas, refinanciadas e até esquecidas. Reservemos o direto de esquecer os números e chegarmos ao último mês do ano com muito fôlego para viajar, comprar os presentes para os familiares e amigos, fazer aquela confraternização anual e, sem dúvida, renovar as esperanças para a boa nova.

Quem mais ganha com o Natal ? / Foto: pt.bigpoint

Por outro lado, nem todos têm motivos para comemorar esse fim de ano como se merece. A realidade dos números pegou muito gente na contramão do crescimento e reflexo disso pode ser visto em muitas empresas da cidade, especialmente àquelas ligadas ao comércio exterior.

Para que se tenha uma ideia, a balança comercial brasileira (total das exportações – total das importações) acumula um déficit de US$ 4,784 bilhões neste ano. Isso significa que o país está importando mais que exportando, ou seja, o que poderíamos produzir aqui com geração de mais empregos e renda para nós estão sendo produzidos lá fora, gerando mais empregos e renda lá fora. Lógico que outras variáveis não foram analisadas neste contexto.

Agora é hora de pensar o reflexo disso na economia da cidade, ou melhor, na sua vida. Houve uma diminuição de 14,6% nas exportações de óleos de combustíveis, automóveis de passageiros, motores e geradores, veículos de carga, motores para veículos e aviões. Houve também uma queda de 11,2% das vendas de óleo de soja em bruto, alumínio em bruto, ferro-ligas, açúcar em bruto. Para fechar, houve uma redução de 10,1% para exportações de minério de ferro, minério de cobre, farelo de soja e carne bovina.

Realmente, muitas empresas na cidade fazem parte desses segmentos que apresentaram quedas consideráveis nas exportações, já que podemos sentir o reflexo na diminuição de empregos em muitas delas.

No outro lado da moeda, temos as importações que chegaram a crescer no acumulado das três primeiras de dezembro deste ano 40,1%. Na média anual, destacam os combustíveis e lubrificantes (31,3%), plásticos e obras (8,3%),
farmacêuticos (7,4%) e eletroeletrônicos. Tais aumentos justificados, em parte, devido às festividades do Natal e Ano Novo.

Em uma matemática simples pode-se observar que devido às quedas das exportações das empresas da cidade, resultando na diminuição do número de emprego e, por conseguinte, na circulação de dinheiro também se percebe que há uma repercussão nas vendas de itens importados comercializados em diversas lojas, dando sinais de um Natal de vendas magras.

Por fim, se os números refletem um cenário de pessimismo tanto para exportadores quanto para importadores, não se pode negar que quem mais ganhará com esse Natal será aqueles que, mesmo por um momento, deixar os números de lado e viver o que essa data pede a cada um.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Diário do Comércio. Balança acumula déficit de US$ 4,784 bi no ano. Caderno Economia. Edição 22.787, pág. 7

Franciney Carvalho é graduado em Administração com ênfase em Comércio Exterior pelas Faculdades Promove e pós-graduado em Logística pela UNA. Professor de Comércio Exterior nos cursos de Administração, Logística e Contabilidade no Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional – CEFAP.