O governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), optou por se abster em uma votação na Organização das Nações Unidas (ONU) que buscava condenar o Irã pela repressão às mulheres, pela violência contra manifestantes e pelo aumento das penas de morte no país. Essa postura foi acompanhada por todos os integrantes do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que também não apoiaram a resolução.
A proposta de condenação, apresentada por países europeus e norte-americanos, foi votada nesta quarta-feira, 20. Apesar da abstenção brasileira, a resolução foi aprovada com o apoio de 77 nações, incluindo governos de esquerda como Chile, México, Espanha e Colômbia. Outros 28 países, entre eles Rússia e China, votaram contra a medida, enquanto 66 países, como Brasil, Índia e Arábia Saudita, optaram pela neutralidade.
Motivações do Brasil
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) justificou a abstenção ao destacar o papel do Irã no acolhimento de mais de 3,7 milhões de refugiados afegãos, uma das maiores populações de refugiados do mundo. O governo brasileiro também reconheceu a participação do Irã em tratados internacionais de direitos humanos e pediu que Teerã ampliasse sua cooperação com mecanismos especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
No entanto, o Brasil expressou preocupação com as violações relatadas contra mulheres, defensores de direitos humanos e minorias no Irã. Em seu discurso, a delegação brasileira enfatizou a importância de revogar leis discriminatórias de gênero e promover os direitos das mulheres e meninas. Apesar dessas preocupações, o governo acredita que um diálogo construtivo com Teerã é a melhor abordagem para impulsionar melhorias na situação dos direitos humanos no país.
Histórico de abstenções
Essa não foi a primeira vez que o Brasil adotou uma postura de neutralidade em votações relacionadas ao Irã. Em abril, o país também se absteve em uma votação que ampliava o mandato da ONU para investigar violações de direitos humanos no Irã, especialmente após os protestos liderados por mulheres em 2022.
A posição brasileira reflete a visão de que o isolamento do Irã, promovido por potências ocidentais, pode intensificar o radicalismo em Teerã e acelerar a busca por armas nucleares. A estratégia do governo busca equilíbrio entre a crítica às violações e a manutenção do diálogo diplomático.
com informações da Crusoé