O professor Ricardo Araújo, da Fundação Getulio Vargas, enfatiza que uma campanha como a que será lançada no próximo mês pelo governo, para incentivar as pessoas a irem às compras, deveria vir acompanha de uma redução drástica de juros para o consumidor. Do contrário, não terá efeitos benéficos para a economia.
“O consumo só poderia ser incentivado se as condições de pagamento fossem incentivadas também. O Brasil é um país que tem uma elevada taxa de juros. No parcelamento da compra de um bem, seja em 12 vezes, em 24 vezes ou em 48 vezes, a soma de juros pagos pelo consumidor é exorbitante, é muito alta. Além disso, é necessário observar que no início do ano que vem tem mensalidades escolares, impostos, material escolar, livros escolares e outras despesas das quais as pessoas não podem fugir. Existe uma série de obrigações, além das dívidas que já foram contraídas no passado”, explicou o professor.
“A taxa de juros nos Estados Unidos é de 1% ano ano, no Japão é de 0,5% ao ano. No Brasil, praticamos uma taxa de juros de 13,75% ao ano. A nossa taxa de cheque especial chegou a 9% ao mês. Não dá para pedir para as pessoas comprarem com juros nesses patamares”, completou.
Para ele, o Brasil não está “imune” à crise econômica. “O Brasil não está em recessão, mas não está imune aos acontecimentos do mundo. O momento é de parcimônia. Algumas empresas vão demitir. Há uma desaceleração da economia clara. Nos bancos, ninguém está contratando funcionários, pelo contrário, tem pessoas sendo demitidas, então, é um sinal de que temos que ter cautela”, afirmou.
AGÊNCIA BRASIL