Ano novo, velhos problemas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Metalurgia, Mecânica e de Materiais Elétricas de Sete Lagoas, Ernane Geraldo Dias, afirmou que o mau momento econômico das siderúrgicas do município persiste e vem se agravando. Segundo ele, dos 36 fornos de ferro gusa existentes na cidade, apenas quatro estão em funcionamento. Dos cinco mil trabalhadores que vivem do setor, cerca de três foram demitidos e os demais estão de licença remunerada ou “desfrutando” de férias coletivas.
No final de 2008 o sindicalista foi até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e procurou a Comissão de Trabalho e Seguridade Social para relatar a situação do setor guseiro de Sete Lagoas. “Fomos verificar se há a possibilidade da suspensão do contrato dos trabalhadores ainda em atividade, somando-se a isso o recebimento de algum benefício do Fundo de Amparo do Trabalhador. Tudo para que o trabalhador não seja demitido nessa crise, nem perca seus direitos”, explicou. Segundo ele, a empresas que, sem verba para quitar o acerto dos funcionários demitidos, estariam oferecendo cestas básicas, com dinheiro vivo somente daqui a cinco meses. “Isto é um absurdo”, afirma.
O valor da tonelada do ferro gusa, que, no início de 2008, era negociado, em média, a 400 dólares, chegou ao pico de 900 dólares em agosto. Ernane Dias conta que, com o estouro da crise no segundo semestre, esse valor está cotado a menos de 300 dólares. O metalúrgico Josué Celestino, demitido em novembro, passa por dificuldades. Com apenas nove meses de casa, foi mandado embora. “Como não cheguei a completar um ano de trabalho, não tive direito a praticamente nada. Foi um final de ano doloroso e sofrido para toda a família. É rezar por dias melhores”, lamenta.
O presidente do Sindifer, Paulino Cícero, acredita que até o primeiro trimestre de 2009, a recessão vai continuar. “A dificuldade em vender é grande, não há nenhum pedido até janeiro. As demissões não devem parar, infelizmente. Até março, a crise vai continuar acentuada”, afirma. Segundo Cícero, o setor guseiro foi um dos primeiros a receber o impacto da crise mundial, sobretudo por lidar com a produção de ferro, essencial para inúmeros outros segmentos. De acordo com o Sindifer/MG, o ferro-gusa do Estado abastece o mercado interno com 2,5 milhões de toneladas/ano e exporta 3,2 milhões de toneladas/ano. O faturamento anual é de cerca de R$ 3,9 bilhões. Os Estados Unidos são os grandes consumidores de ferro-gusa, com quase 60% do volume brasileiro exportado em 2004.
Da redação – Sete Dias
Celso Martinelli
Pablo Pacheco