“Não é uma crítica, mas uma coisa simples. O turismo pode ser um componente excelente num projeto ou uma calamidade. Ele será extraordinário se for complemento de projeto econômico e social forte, mas será uma calamidade se usado para substituir esse projeto”, alertou Unger.
“Exemplos de muitos países do mundo mostram isso. Na ausência um projeto econômico e social, [o turismo] desorganiza a economia e cria uma dependência de dinheiro transitório de atividades que não exercem efeito transformador ”, acrescentou o ministro.
O governador de Alagoas, Teotônio Vilela disse a Unger que pretende evitar no estado uma exploração turística massiva e desordenada, nos moldes da ocorrida na região de Porto Seguro, na Bahia. Tal modelo, segundo ele, compromete o meio ambiente ao apostar simplesmente na quantidade de turistas.
Até amanhã, o ministro Unger terá passado pelos estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, acompanhado de uma comitiva de representantes dos ministérios da Casa Civil, Agricultura, Desenvolvimento Social, Integração Nacional e Educação, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Outros estados serão visitados pelo grupo nas próximas semanas. Ao final roteiro será formado um grupo executivo para elencar possíveis ações concretas a serem implementadas por meio de colaboração entre o governo federal e os estados. A proposta deve ser consolidada no Fórum de governadores do Nordeste e posteriormente encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A iniciativa está inserida no objetivo traçado pelo presidente Lula de encerrar o seu mandato com um plano nacional de desenvolvimento a ser implementado até 2022. “No passado, esses projetos vinham prontos de Brasília e o mais adequado é aproveitar a experiência regional bem-sucedida. Fazer com que a sociedade não seja mera receptora de propostas, mas protagonista. Se errarmos, que seja com erros novo”, afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.