O dólar teve um forte avanço nesta segunda-feira (1), alcançando seu nível mais alto em mais de dois anos e meio, atingindo R$ 5,657 no pico. No final da sessão, a moeda americana subiu 1,17%, sendo cotada a R$ 5,653. Este patamar é apenas um pouco menor que o registrado em 10 de janeiro de 2022, quando fechou a R$ 5,674.
Na sexta-feira (1º), a formação da Ptax e o vencimento de muitos contratos futuros pressionaram o dólar para cima. Alguns investidores aproveitaram para realizar lucros pela manhã, resultando em uma abertura em queda do dólar em relação ao real. Contudo, a moeda rapidamente reverteu a tendência devido ao aumento das taxas dos títulos do Tesouro americano, valorizando o dólar globalmente e afetando especialmente as moedas de mercados emergentes.
O primeiro debate presencial entre o candidato republicano Donald Trump e o atual presidente Joe Biden aumentou a expectativa de vitória de Trump, segundo David Kohl, economista-chefe do banco suíço Julius Baer. Isso aumentou a probabilidade de políticas comerciais mais rigorosas e impostos mais baixos, valorizando o dólar em antecipação a 2025.
Os investidores também ficaram atentos aos riscos locais. O relatório Focus da manhã mostrou uma maior desancoragem nas expectativas de inflação e novas revisões nas estimativas de câmbio. Posteriormente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o Banco Central e sua independência, o que gerou reação negativa no mercado, conforme explicou Alexandre Viotto, diretor de câmbio da EQI Investimentos.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, destacou o desconforto do mercado com os ruídos políticos em torno do Banco Central e sua autonomia, bem como com o atual patamar de juros. Ele apontou que o mercado tem dúvidas sobre a próxima gestão da autoridade monetária, especialmente se será mais leniente com a inflação. Além disso, o presidente tem sinalizado que não deve mexer nas vinculações da previdência, dificultando o cumprimento da meta fiscal.
Para Sung, o governo precisa esclarecer melhor como pretende controlar as despesas. Ele comentou sobre o desgaste na agenda arrecadatória e a necessidade de ajustes para evitar a aceleração da dívida pública nos próximos anos.
A expectativa para a inflação deste ano aumentou de 3,98% para 4%. Para a Selic, a mediana das expectativas manteve-se em 10,50%. A projeção para o dólar também subiu novamente, de R$ 5,135 para R$ 5,20.
O dólar fechou o semestre passado a R$ 5,588, uma valorização de 15,14% desde o início do ano. As principais causas dessa alta são as taxas de juros americanas e o risco fiscal brasileiro, conforme apontou Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas. Ele mencionou que o governo tenta aumentar a arrecadação, mas enfrenta dificuldades em cortar despesas.
Apesar do feriado de 4 de julho nesta quinta-feira, a semana será movimentada no mercado americano. As atenções estão voltadas para a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed) a ser divulgada na quarta-feira (3) e os dados de emprego do payroll na sexta-feira (5). Além disso, os investidores estão atentos às falas de Jerome Powell, presidente do Fed, em um evento amanhã (2).
Na última sexta-feira (28), o dólar valorizou 1,51% e foi cotado a R$ 5,590, seu maior nível de fechamento em mais de dois anos. Em 10 de janeiro de 2022, a moeda fechou a R$ 5,674, o que significa que no semestre a moeda avançou 15,17% em relação ao real.
Da Redação com Valorinveste