Neste ano, a dengue causou um prejuízo estimado de US$ 5 bilhões no Brasil – um valor equivalente a R$ 28 bilhões. Esse valor inclui gastos públicos e privados com saúde, como consultas e internações, além de outros impactos econômicos.
Nesta estimativa, são considerados fatores como faltas ao trabalho devido à doença e perda de produtividade.
Esses dados foram publicados em um artigo por pesquisadores brasileiros na última sexta-feira (19) na revista Science, uma das mais respeitadas do mundo entre cientistas. O objetivo dos autores foi destacar a necessidade de adotar medidas de prevenção à doença.
O Ministério da Saúde (MS) contabilizou 6,37 milhões de casos prováveis de dengue em 2024. Este é o maior número da história. No ano passado, que detinha o recorde anterior, houve 1,65 milhão de notificações. O número de mortes causadas pela doença em 2024 é de 4.714, e ainda há 2.351 óbitos sob investigação para confirmar a possível relação com a dengue.
Para chegar ao valor estimado dos prejuízos, os pesquisadores analisaram casos de dengue e dados de internação fornecidos pelo Ministério da Saúde. Eles cruzaram essas informações com dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Claudio Lira, professor de fisiologia e epidemiologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), é um dos pesquisadores que assinam o artigo. Ele explica o impacto econômico da dengue dando o exemplo de um trabalhador que adoece e precisa faltar ao trabalho.
“Alguém terá que substituir minimamente as funções que essa pessoa exerce. Se o profissional tinha uma função muito específica, outro funcionário precisará ser treinado para substituí-lo. Tudo isso tem um custo”, afirma o professor.
Além de Lira, o artigo é assinado por Rodrigo Vancini, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Marilia Andrade, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Gastos com saúde
De acordo com o pesquisador, o que mais impactou no cálculo do montante foram os gastos com saúde. Informações do DataSUS registram 109.167 internações devido à doença, de janeiro a maio deste ano. A Região Sudeste, a mais populosa do país, tem o maior número de internações: 54,6 mil (50%).
Lira acredita que a disponibilidade da vacina contra a dengue na rede pública deve reduzir o número de casos em 2025 e 2026.
“Com a introdução da vacina, ganha-se um aspecto de prevenção. A vacina é segura, foi testada e há indicações de que o governo brasileiro conseguirá, em um futuro próximo, disponibilizá-la para toda a população.”
Segundo o Ministério da Saúde, foram adquiridas 6,5 milhões de doses da vacina contra a dengue. Assim, 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas, priorizando as localidades com alta transmissibilidade da doença.
Da Redação com Metrópoles