As primeiras Projeções de População do IBGE com dados do Censo Demográfico 2022 estimam que a população do país vai parar de crescer em 2041, quando chegará a aproximadamente 220,4 milhões de habitantes . Os dados foram divulgados pelo IBGE na quinta-feira (22).
As Projeções de População do IBGE utilizam dados provenientes de diversas fontes, como os três censos demográficos mais recentes (2000, 2010 e 2022), a série histórica das Estatísticas do Registro Civil (iniciada em 1974) o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), ambos do Ministério da Saúde, entre outros. Seus cálculos permitem acompanhar a evolução dos padrões demográficos do país.
Além de servirem de parâmetro para políticas públicas nas três esferas de governo, as Projeções de População permitem que o IBGE atualize as amostras de suas pesquisas domiciliares, como a PNAD Contínua, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
Para Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises Demográficas do IBGE:
“a principal importância das Projeções é informar qual é a população do país a cada ano, pois os censos demográficos ocorrem apenas a cada dez anos. Essa informação, por idade e sexo, é fundamental para se elaborar políticas públicas voltada para crianças, idosos ou para a força de trabalho. Além disso, esses dados são a base para o cálculo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e dos Estados (FPE)”.
Taxa de fecundidade do país em 2023 cai para 1,57 filho por mulher
Segundo as Projeções de População 2024, a taxa de fecundidade do país era de 2,32 filhos por mulher em 2000, recuou para 1,75 filhos por mulher em 2010 e chegou a 1,57 em 2023. Nos próximos anos, essa taxa deve recuar para 1,47 em 2030 e atingir seu ponto mais baixo em 2041, chegando a 1,44 filho por mulher.
No entanto, a partir de 2050, as Projeções indicam que a taxa terá ligeiro aumento, indo a 1,45 em 2050, a 1,47 em 2060 e chegando a 1,50 em 2070.
Esse indicador vem decrescendo como consequência de uma série de transformações ocorridas na sociedade brasileira desde meados do Século XX. Izabel lembra que a redução da taxa de fecundidade “vem desde os anos 1960. Vários fatores contribuíram para isso, como a urbanização, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade feminina, além da popularização da pílula anticoncepcional. Com isso, as taxas de fecundidade recuaram gradativamente de uma média de mais de seis filhos por mulher para os patamares atuais”.
Cresce a idade média em que as mulheres têm seus filhos
Outra informação das Projeções de População é a idade média da fecundidade, ou seja, a idade média em que as mulheres tinham seus filhos, que era de 25,3 anos em 2000, passou para 27,7 anos em 2020 e deverá chegar a 31,3 anos em 2070.
“Temos observado, no Brasil e em vários países, um adiamento da maternidade, isto é, as mulheres decidindo-se a terem seus filhos mais tarde. Indiretamente, isso também contribui para a redução do total de nascimentos”, observou a demógrafa do IBGE.
Em 2041, população do país chegará ao máximo: 220,4 milhões de habitantes
Como consequência desses indicadores, o crescimento populacional do país vai desacelerar até 2041, quando a população atingirá seu valor máximo: 220.425.299 habitantes. A partir deste ano, a população do país deve diminuir, até chegar aos 199.228.708 habitantes em 2070.
Izabel esclarece que esse recuo será bastante desigual regionalmente.
“A migração entre unidades da federação é um fator muito importante nas dinâmicas populacionais. Alguns estados são a origem e outros, o destino desses migrantes. Isso vai fazer com que cada estado tenha sua inflexão populacional em um momento diferente”.
Rio Grande do Sul e Alagoas devem ser os primeiros a reduzir sua população, já em 2027, com o Rio de Janeiro logo a seguir, em 2028. Por outro lado, Mato Grosso deve ser o último estado a fazer essa inflexão, em algum momento após 2070 (ano limite das atuais Projeções de População). Já Santa Catarina e Roraima devem começar a reduzir sua população em 2064.
Mortalidade infantil cairá para 5,8 óbitos por mil em 2070
As Projeções de População também analisam os padrões de mortalidade do país, permitindo perceber que ela vem se reduzindo nos grupos etários mais jovens.
A taxa de mortalidade infantil, que abrange a mortalidade de crianças com até um ano de idade, recuou de 28,1 óbitos por mil nascidos vivos em 2000, para 12,5 óbitos por mil, em 2023. Segundo as Projeções de População do IBGE, essa taxa vai recuar para 5,8 em 2070.
“Trata-se de uma redução importante desse indicador, que reflete as condições de saúde do grupo etário mais vulnerável da população” destaca Izabel.
Esperança de vida dos nascidos em 2023 é de 76,4 anos
No país, a esperança de vida ao nascer subiu de 71,1 anos em 2000 para 76,4 anos em 2023. Entre os homens, esse indicador foi de 67,3 anos para 73,1 anos, no período, e entre as mulheres, de 75,1 anos para 79,7 anos. Para Izabel, “temos observado o aumento desse indicador há algum tempo, com ganhos de anos de vida em todas as idades, principalmente devido aos avanços da medicina”.
A demógrafa lembra que
“essa é a primeira Projeção de População a incorporar dados da pandemia, que causou um recuo na esperança de vida do país, de 76,2 anos em 2019 para 72,8 anos em 2021. Mas os dados preliminares de 2023 mostram a esperança de vida subindo para 76,4 anos. Nossa expectativa é que esse indicador continue a crescer como antes da pandemia”. As projeções para 2070 indicam uma esperança de vida de 83,9 anos, sendo 81,7 anos para homens e 86,1 anos para mulheres.
De 2000 a 2023, proporção de idosos na população quase duplicou
As Projeções de População do IBGE mostram que, de 2000 para 2023, a proporção de idosos (pessoas com 60 anos ou mais) na população brasileira quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. Em números absolutos, o total de idosos passou de 15,2 milhões para 33,0 milhões, no período.
Em 2070, cerca de 37,8% dos habitantes do país serão idosos, o que corresponderá a 75,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade.
Outro indicador que ilustra a mudança no padrão etário do país é a idade média da população, que era de 28,3 anos em 2000 e subiu para 35,5 anos em 2023. Para 2070, a idade média projetada da população brasileira é 48,4 anos.
“Essas médias diferem bastante entre os estados. O Rio Grande do Sul tem a maior idade média (38,1 anos), com Rio de Janeiro (37,5 anos) e Minas Gerais em seguida (37,1 anos). Os estados mais jovens são da região Norte: Amapá (29,3 anos) e Roraima (28,7 anos)”, concluiu Izabel Marri.
Da Redação com informações do IBGE