O número de desempregados principalmente na siderurgia e no setor de autopeças é grande em Sete Lagoas. Dados da Delegacia Regional do Trabalho na cidade, órgão do Ministério do Trabalho, mostram que de outubro de 2008 até janeiro deste ano, 4.703 trabalhadores já deram entrada para receber o seguro-desemprego junto à Caixa Econômica Federal. Neste mesmo período, só que em 2007, a onda de demissão atingiu 2.646 pessoas. Mas o quadro tende a melhorar. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro-Gusa, Paulino Cícero, em março a situação do setor siderúrgico deve voltar à normalidade – ainda que abaixo do desejado – sobretudo com novas encomendas de ferro fundido dos mercados europeu e asiático.
A gerente regional do Ministério do Trabalho em Sete Lagoas, Maria Aparecida Guimarães, conta que o número de demitidos com a crise mundial foi grande e que, diariamente, a sede da agência recebe dezenas de pedidos do benefício. Homologações de rescisão de contrato também são feitas no órgão. “A homologação é uma forma de amparo ao trabalhador demitido para que não saia prejudicado no momento do acerto. Por dia, estamos homologando cerca de 30 novas demissões”, conta.
O seguro-desemprego é pago de três a cinco parcelas e é direito de todo trabalhador com no mínimo seis meses de trabalho. “Só tem direito quem não tenha recebido o benefício nos últimos 16 meses após a primeira demissão, se for o caso”, explica Maria Aparecida. José Luiz Faria Branco, 29 anos, era um dos trabalhadores que aguardavam na fila o momento para ser atendido. Morador do município de Inhaúma, ele solicitaria o seguro-desemprego após trabalhar três anos em uma empresa e ser dispensado. “Fui demitido em janeiro. Sou pai de família e o momento não é nada favorável para ficar desempregado. Com o dinheiro do acerto será possível manter as contas em dia até arrumar um novo emprego”, considera.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro-Gusa (Sindifer), Paulino Cícero, disse que já há contatos com países europeus e asiáticos para a compra do ferro-gusa produzido em Minas Gerais. “O pior já passou. A partir de março tanto o mercado externo e interno será aquecido com a volta das férias coletivas estabelecidas pela indústria automobilística, que é grande consumidora do ferro fundido”, afirma. Atualmente, das 39 usinas siderúrgicas existentes em Sete Lagoas, apenas nove estão operando.
Ele também comentou as medidas adotadas pelo governo para aquecer a siderurgia. Segundo o presidente do Sindifer, as mesmas serão eficazes somente a longo prazo. “São medidas que tornarão o processo mais produtivo e racional. Destaco, principalmente, a redução dos juros do Pró-Floresta para 4% ao ano, o que vai incentivar financiamentos de projetos de reflorestamento. E também o diferimento das contas de energia; a Cemig já vem atendendo aos pedidos de cada empresa, com reduções temporárias e definitivas de demanda, para o equacionamento de débitos”, finaliza Paulino Cícero.
Da redação – Sete Dias
Celso Martinelli