Seis pacientes que foram submetidos a transplantes de órgãos no Rio de Janeiro (RJ) foram diagnosticados com HIV após receberem órgãos de dois doadores contaminados. Este é o primeiro caso do tipo na história do serviço de transplantes do estado.
A informação foi divulgada pela BandNews FM e confirmada pela SES-RJ, que já iniciou uma investigação sobre o incidente. O Ministério da Saúde, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), a Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) também estão apurando os fatos.
A SES-RJ declarou que o caso é sem precedentes e ressaltou que, desde 2006, mais de 16 mil vidas foram salvas por seu serviço de transplantes. O problema ocorreu em exames realizados pelo PCS Lab Saleme, um laboratório privado contratado pela SES-RJ em um processo de licitação emergencial.
As autoridades de saúde interditaram o laboratório e a Delegacia do Consumidor da Polícia Civil está investigando o caso. O MPRJ abriu um inquérito civil para investigar irregularidades no programa de transplantes e está à disposição para ouvir as famílias afetadas.
Uma investigação da Anvisa revelou que o PCS não possuía kits adequados para realizar os exames e não apresentou documentação comprobatória de compra, levantando suspeitas de que os testes podem não ter sido realizados corretamente. O laboratório ainda não se manifestou sobre o caso.
O caso veio à tona em 10 de setembro, quando um paciente transplantado, que recebeu um coração no final de janeiro, apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. A SES-RJ reavaliou os exames e confirmou que outros dois pacientes, que receberam rins, também testaram positivo. O paciente que recebeu a córnea não foi contaminado, e a receptora do fígado faleceu, mas sua condição já era grave antes da cirurgia.
Em resposta à situação, a secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, informou que todos os exames de sorologia dos doadores realizados pelo laboratório foram transferidos para o Hemorio, que irá retestar o material armazenado de 286 doadores.
O que a SES-RJ diz
Leia a íntegra da nota:
“A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados.
O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.
A Secretaria está realizando um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório.
Uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis. Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não serão divulgados detalhes das circunstâncias.
Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”.