A queda de um avião de pequeno porte em Prado, no Sul da Bahia, fez com que o Brasil atingisse a preocupante marca de um acidente aéreo a cada dois dias em 2025. De acordo com dados do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), até o dia 10 de fevereiro, foram contabilizados 23 acidentes e incidentes graves apenas neste ano. Desses, sete resultaram em mortes, totalizando 11 vítimas fatais.
O acidente mais recente ocorreu na tarde de segunda-feira (10), quando uma aeronave caiu e explodiu perto da Praia da Barra do Cahy, em Cumuruxatiba (BA). O empresário mineiro Fredy Tanos, natural de Sete Lagoas (MG) e diretor da rede de diagnóstico Laboranálise, morreu no local. O piloto, Mário Alessandro Gontijo de Melo, proprietário da aeronave e ex-secretário de Saúde de Eunápolis (BA), sobreviveu e foi encaminhado para um hospital em Porto Seguro.
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O que pode estar por trás do aumento dos acidentes?
Especialistas indicam que o crescimento da frota de aeronaves de pequeno porte e o aumento das horas de voo desde a pandemia da COVID-19 podem estar entre as principais razões para a escalada dos acidentes. Eles também apontam que as exigências de segurança variam conforme o tipo de operação, sendo, em alguns casos, menos rigorosas.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) ainda não determinou a causa da queda do ultraleve em Prado. Informações preliminares indicam que a aeronave voava em baixa altitude no momento do acidente. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) esclarece que esse modelo, classificado como Aeronave Leve Esportiva (ALE), tem limitações operacionais e não pode ser utilizado para fins comerciais.
Crescimento expressivo nas estatísticas
Nos últimos dois meses – dezembro de 2024 e janeiro de 2025 –, foram registrados 41 acidentes aéreos, sendo 11 com vítimas fatais, resultando na morte de 24 pessoas. Esse número representa um aumento de 46,4% em relação ao mesmo período anterior, que teve 28 ocorrências, com nove delas sendo fatais e 23 mortes.
Raul Marinho, diretor-técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), explica que, embora o número absoluto de acidentes tenha aumentado, as taxas de acidentes por milhão de horas voadas ou por milhão de decolagens seguem estáveis. No entanto, ele alerta que o crescimento da frota e das horas de voo pode impactar a segurança. Desde a pandemia, houve um aumento de 42% no número de jatos executivos e de quase 60% em turboélices no Brasil.
Setores mais afetados
Entre os acidentes registrados em 2025, 12 envolveram aeronaves usadas na aviação agrícola e seis em operações privadas. Segundo Marinho, a aviação agrícola tem um risco maior devido à baixa altitude e velocidade em que os aviões operam, reduzindo o tempo de reação em caso de falhas.
Na aviação privada, a incidência de acidentes também é maior em comparação com o táxi aéreo. O especialista atribui isso à flexibilidade nas normas de segurança, que incluem exigências menores quanto à experiência dos pilotos e aos requisitos operacionais. Enquanto no táxi aéreo há necessidade de um conjunto mais estruturado de supervisão e manutenção, na aviação privada há menos regulamentação, o que pode impactar a segurança.
O avião ainda é um meio seguro?
Apesar do aumento nas ocorrências, Joselito Paulo, presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo), afirma que, considerando a última década, o número de acidentes não apresentou variações significativas. Ele reforça que o transporte aéreo continua sendo uma das formas mais seguras de locomoção, mas destaca que há diferenças nos padrões de segurança entre aeronaves comerciais e de pequeno porte.
A Anac informa que a regulação brasileira exige certificações para pilotos, mecânicos, aeronaves e oficinas de manutenção. Além disso, os pilotos devem renovar suas habilitações a cada dois anos e manter exames médicos atualizados. Aeronaves passam por vistorias anuais para garantir condições adequadas de voo.
Acidentes recentes
Minas Gerais já registrou dois acidentes aéreos em 2025. No dia 22 de janeiro, um avião agrícola caiu durante uma manobra, resultando na morte do piloto. Em 27 de janeiro, um helicóptero caiu em uma fazenda de Cruzília (MG), vitimando três pessoas. Outros estados também contabilizam ocorrências, como São Paulo, onde um avião de pequeno porte caiu na Barra Funda, na capital, no dia 9 de fevereiro.
O aumento no número de acidentes reforça a necessidade de maior fiscalização e adoção de medidas preventivas para garantir a segurança da aviação no Brasil.
com informações do Estado de Minas