No último domingo (9), um evento inusitado tomou as ruas de São Paulo. Centenas de motoristas se reuniram para o chamado “rolê dos sem topete”, um encontro de veículos que tiveram seus tetos removidos de forma improvisada, transformando-os em conversíveis não regulamentados. O que começou como um simples passeio se tornou caso de polícia.

Manobras perigosas e caos no trânsito
O ponto de partida foi o bairro Jardim Imperador, na zona leste da cidade. O evento atraiu participantes de estados vizinhos, como Paraná e Minas Gerais. De lá, o grupo seguiu para a marginal Tietê, onde interromperam uma das pistas para realizar manobras arriscadas, como o famoso “borrachão”, queimando pneus e levantando fumaça.
O destino final era a rodovia dos Bandeirantes. Após um percurso de cerca de 30 km, os motoristas foram finalmente abordados por uma viatura da polícia. Segundo relatos, os condutores só pararam quando os agentes ameaçaram disparar contra os veículos. Até aquele momento, outras viaturas haviam cruzado com o comboio, mas sem intervenção.

Exibição nas redes sociais e infrações
O evento não se limitou às ruas. Vídeos das manobras ilegais foram amplamente divulgados nas redes sociais, exibindo infrações como passageiros sem cinto de segurança, colisões contra cancelas de pedágio, veículos pegando fogo e motoristas batendo propositalmente uns nos outros. Entre os destaques, um Fiat Uno chamou atenção por estar sem portas, teto e colunas estruturais.
Apesar do impacto do evento, poucos carros foram apreendidos. Conforme a Polícia Militar de São Paulo, apenas cinco veículos foram recolhidos e receberam múltiplas autuações. Entre eles estavam um Fiat Palio e um Ford Ka, ambos com oito infrações, além de um Ford Corcel com sete multas, um Chevrolet Monza com cinco e um Renault Twingo, que estava proibido de circular por problemas na documentação e era conduzido por um motorista com a CNH suspensa.

Organização e consequências
O encontro foi organizado através do Instagram em menos de uma semana, com a participação de um influenciador de grande alcance, que soma aproximadamente 10 milhões de seguidores. Inicialmente, a intenção era realizar um passeio tranquilo, utilizando apenas a faixa da direita e fazendo uma parada para um café. No entanto, a situação rapidamente saiu do controle.
Segundo um dos participantes, o grupo já estava ciente de que poderia haver ação policial e até a apreensão dos veículos.
“A recomendação era encostar os carros caso a polícia aparecesse. Todos já sabiam que corriam o risco de perder os veículos”, revelou.
A Polícia Militar informou que, com exceção do Renault Twingo, que foi encaminhado ao Distrito Policial de Caieiras por estar registrado como irregular, os demais carros foram levados ao pátio por apresentarem diversas irregularidades, garantindo assim a segurança dos usuários da rodovia.
O episódio reacende o debate sobre segurança no trânsito e o impacto de eventos clandestinos nas vias públicas, além da necessidade de maior fiscalização para coibir esse tipo de prática arriscada.
com informações da Revista Quatro Rodas