Um soldado de 19 anos acusa o Exército Brasileiro de agressão e maus-tratos que resultaram na perda dos movimentos das pernas. Valdir de Oliveira Franco Filho relatou ter sido vítima de tortura dentro do quartel de Barueri, na Grande São Paulo, após informar a perda de uma fivela do uniforme militar. O caso está sob investigação e foi registrado como maus-tratos pela Polícia Civil.

Segundo Valdir, as agressões ocorreram em 10 de março. Mesmo um mês e meio após o episódio, ele afirma continuar vomitando sangue e enfrentando dificuldades para andar. Exames médicos indicam que o soldado apresenta sacralização da vértebra L5, uma condição que pode ser causada por trauma físico e afeta a estrutura da coluna vertebral.
“Desde criança, meu sonho era ser mecânico do Exército. Eles destruíram isso”, lamentou Valdir em entrevista ao portal Metrópoles.
Agressões e omissão de socorro
Conforme o boletim de ocorrência, Valdir sofreu agressões verbais e físicas ao longo de seu período de formação no Arsenal de Guerra de São Paulo. O episódio mais grave teria ocorrido após o jovem comunicar a perda da fivela de sua farda. Levado para uma sala escura e sem câmeras, ele foi forçado a realizar flexões enquanto recebia chutes no peito de superiores.
Mesmo após sentir gosto de sangue durante o treinamento, Valdir foi orientado a continuar as atividades. No dia seguinte, seu quadro de saúde piorou. Ele foi encaminhado ao Hospital de Serviço de Assistência Médica de Barueri (Sameb) e, posteriormente, ao Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP), onde ficou internado por 18 dias. Durante a internação, apresentou perda progressiva dos movimentos das pernas.
Apesar do estado grave, Valdir recebeu alta hospitalar sob a justificativa de risco de infecção, sem ter recuperado a capacidade de locomoção.
Denúncia de tortura
O advogado do soldado, Eduardo Barbosa, afirma que Valdir foi submetido a tortura física e psicológica enquanto cumpria serviço militar obrigatório. Segundo ele, o jovem ficará com sequelas permanentes em razão das agressões sofridas.
“O Valdir viveu dias de tortura dentro do quartel, onde se apresentou para cumprir um dever cívico. Ele sofreu danos irreversíveis”, afirmou o advogado.
O que diz o Exército
Em nota, o Exército Brasileiro confirmou que o soldado apresentou mal-estar durante o expediente e foi encaminhado para atendimento médico. A instituição afirma que Valdir recebeu assistência adequada desde o início dos sintomas.
O Exército também informou que instaurou uma sindicância para apurar as denúncias em 17 de abril e, até o momento, não encontrou indícios de crime nas dependências da organização militar.
“A instituição reitera seu compromisso com o cumprimento rigoroso da legislação, dos princípios éticos e dos valores morais que orientam a conduta de seus integrantes”, declarou o Exército em nota oficial.
Valdir segue em casa aguardando tratamento e recuperação, enquanto o inquérito policial e a sindicância militar seguem em andamento.
com informações do Portal Metrópoles