A retração do consumo industrial em conseqüência da crise financeira internacional e a menor demanda por parte das termelétricas, em razão da situação hidrológica favorável, vêm provocando um efeito contrário neste início de ano, em relação ao ano passado, quando houve crise no abastecimento de gás no país. As informações foram dadas pela diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, ao adiantar que o país tem hoje uma folga de cerca de 15 milhões de metros cúbicos de gás natural.
Segundo ela, essa sobra é conseqüência da redução do consumo industrial. Além da crise financeira internacional e da necessidade de reduzir estoques, a indústria vem optando por consumir óleo combustível no lugar do gás por considerar a troca mais vantajosa. Graça Foster disse que o preço atual do óleo combustível é de US$ 5.7 por milhão de BTU (unidade térmica de referência britânica), enquanto o do gás natural está na faixa de US$ 6,6 por milhão de BTU.
A diretora vê vantagens na troca feita pela indústria, que pôde “constatar que é possível utilizar óleo combustível quando não houver a disponibilidade atual de gás natural”.
Graça Foster já vê recuperação leve no mercado. Para ela, a tendência é de que o consumo de gás natural volte ao normal, embora não estime o tempo para essa normalização. “O consumo está voltando, eu não sei em que patamar nem quando voltará ao normal, mas já há uma ligeira recuperação”, admite.
A diretora disse que o país hoje tem condições de disponibilizar para o mercado mais de 100 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. “É um volume de gás que nós não poderíamos imaginar ter nessa década. Nós temos 30 milhões (de metros cúbicos por dia) da Bolívia, mais os 62 milhões de metros cúbicos da produção nacional e se nós trouxéssemos os 21 milhões, que é a capacidade total dos dois terminais de GNL (gás natural liquefeito), nós estaríamos aí com essa capacidade de mais de 110 milhões de metros cúbicos por dia para o atendimento do mercado térmico e não térmico”.
Graça Foster informou que a demanda por gás natural nesta segunda-feira ficou pouco mais de 20% menor do que no dia 16 de março do ano passado, tendo atingido 46,2 milhões de metros cúbicos, com o consumo industrial ficando 6,7 milhões de metros cúbicos menor do que no mesmo período em 2008. Segundo ela, em janeiro, essa diferença havia ficado em 8,7 milhões de metros cúbicos por dia e no mês passado em 7,5 milhões.
Da Agência Brasil