O sete-lagoano e professor aposentado do curso de Psicologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Marcus Vinicius de Oliveira Silva, 57 anos, foi assassinado no povoado de Pirajuía, município de Jaguaripe, no Recôncavo baiano, na noite de quinta-feira (4). A vítima, mais conhecida como Marcus Matraga, foi sequestrado e morto por dois homens que ainda não foram identificados. O fato foi lamentado por diversos órgãos onde o psicólogo trabalhou.
De acordo com o investigador Marcos Pinto, da delegacia de Jaguaripe, dois homens foram até a casa do professor, por volta das 19h, e disseram que uma amiga dele passava mal. Um dos suspeitos se identificou como neto da mulher. Ao sair de casa para prestar socorro à amiga, o professor foi rendido e levado de carro até uma estrada de terra do povoado. Lá, ele foi executado com um tiro na cabeça. Os criminosos fugiram em seguida. A polícia do município investiga o crime e a hipótese de emboscada.
“Pelas investigações, concluímos que ele era uma pessoa muito querida. Mas estamos ouvindo testemunhas para apurar se havia algum tipo de conflito envolvendo o professor”, disse o investigador Marcos Pinto, ao “Correio da Bahia”.
Por meio de nota, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) lamentou a morte e cobrou esclarecimento sobre o crime. “O CFP lamenta e espera que as circunstâncias que envolvem sua trágica morte sejam plenamente esclarecidas”.
O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, onde Marcus Vinicius foi diretor durante uma década e esteve responsável pela Comissão Nacional de Direitos Humanos, lamentou a morte. “Ele foi uma grande liderança na construção de uma profissão comprometida com a justiça e a igualdade e da sua democratização. Foi também um dos grandes militantes da luta antimanicomial no país”.
Em nota, o Sinpsi lamentou o assassinato, destacando que Matraga foi morto ao defender uma comunidade indígena em um conflito de terras na Bahia, “cumprindo assim seu papel cidadão na luta pelos oprimidos, pelos que sofrem diuturnamente com um genocídio que se iniciou no descobrimento e nunca terminou. Buscava entendimento, alternativas que conduzissem ao diálogo, à convivência”.
Ainda segundo o Sinpsi, Marcus foi incansável defensor e trabalhador em prol da saúde mental, da luta antimanicomial, da construção de uma compreensão da loucura sem rótulos, estigmas e discriminações.
A Ufba lamentou a morte do professor da instituição e também publicou uma nota em seu site.“O professor era, nas palavras da diretora do IPSUFBA, Ilka Bichara, “um grande combatente das causas sociais, principalmente na luta antimanicomial”.
Com Correio da Bahia e RBA