Um novo tipo de vírus, o Gemycircularvirus, que causa paralisia temporária flácida temporária nas pernas, também pode provocar uma inflamação do cérebro e levar à morte crianças de zero a cinco anos de idade.
De 2007 a 2009 foram coletadas 1500 amostras de fezes de crianças, de 0 a 10 anos com diarreia, atendidas em hospitais de Manaus. A partir da análise molecular desse material, em 2015, os pesquisadores encontraram, pela primeira vez no Brasil, o vírus do gênero Gemycircularvirus.
O vírus foi descoberto pela doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora da Fiocruz Amazônia, Patrícia Puccinelli Orlandi, e um pesquisador do Laboratório de Medicina da Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA), Tung Gia Phan.
Em entrevista ao programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia, Patrícia Puccinelli Orlandi, explicou que, apesar de o vírus ter sido descoberto em Manaus, ele também pode ser encontrado em outras localidades que tenham problemas de saneamento básico.
Segundo ela, o vírus é mais recorrente em crianças, mas já foi detectado em adultos que vivem em áreas com problema de saneamento básico, como na Nicarágua.
Patrícia Puccinelli explicou que a doença começa com uma diarreia normal e pouco vômito, dentro de um período de mais ou menos cinco dias; depois, as crianças têm falta de locomoção, pois o vírus migra para o sistema nervoso.
A transmissão é de forma fecal/oral, através do consumo de água contaminada por fezes contaminadas com o vírus, ou na lavagem de um alimento, ou até no banho, mas não se sabe quantas partículas virais são necessárias para causar a diarreia.
Para a pesquisadora, um saneamento básico adequado diminuiria a transmissão em 80% de todas as doenças de veiculação pela água.
Segundo Patrícia Puccinelli, desde que se trate cedo, há 100% de cura. O kit de diagnóstico rápido ainda está sendo desenvolvido, e haverá condições de utilizá-lo em, cerca de três anos.
Com Agência Brasil