O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, admitiu ontem que a conta de luz do brasileiro pode ficar ainda mais cara. É que o governo está cogitando usar as usinas térmicas mais caras para poupar água nos reservatórios das hidrelétricas. O governo vem relutando em adotar o modelo do chamado “despacho fora da ordem de mérito” – o que permite ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mandar ligar térmicas do topo da lista de preços – para evitar novos aumentos na conta de luz. Na prática, o governo admite contrariar o critério preço e passar a contratar usinas que hoje estão paradas por terem preços muito superiores ao da média.
A situação dos reservatórios, porém, é considerada preocupante, diante da falta de chuvas. Para monitorar mais de perto a questão, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico(CMSE) está realizando reuniões semanais. “Está sendo cogitado, mas ainda não está decidido”, disse Coelho Filho. Ele disse, porém, que tem sinais de que alguma chuva pode vir, o que pode influir na decisão.
Devido ao baixo nível dos reservatórios, o governo já vem acionando térmicas a gás natural, com reflexos nas tarifas: neste mês, a tarifa nível 2 da bandeira vermelha cobrada na conta de luz subiu de R$ 3,50 para R$ 5 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
O ministro disse ainda que o governo negocia para encontrar gás para três térmicas que estão paradas por falta de combustível. Uma delas é do grupo J&F e teve o fornecimento cortado pela Petrobras após a delação premiada dos controladores da JBS. Segundo ele, há discussões entre as partes envolvidas para a busca de uma solução.
Topo. A térmica mais cara acionada hoje é a UTE Flores, na região Norte do país. O custo do megawatt-hora (MWh) dessa usina é de R$ 808,99, inferior à média do sistema, segundo o governo.
Da Redação com EBC