Às vésperas do Réveillon, o empresário Paulo André Alves, sócio do irmão em uma pequena distribuidora de bebidas na região metropolitana de Curitiba, pensou que havia ficado milionário.
Ao consultar o saldo da conta de sua empresa no Banco Safra, encontrou mais de R$ 77,6 milhões. A informação foi antecipada pelos sites Bem Paraná e O Presente.
Os valores apareciam creditados como faturamento de vendas em cartão, segundo o empresário.
“É uma conta jurídica que eu movimento pela empresa. Todas as manhãs, eu entro para fazer um balanço do que eu tenho que pagar ou receber. Mas, no primeiro horário da manhã, me deparo com esses mais de R$ 77 milhões. Eu não me lembrava de ter vendido tanto no cartão de crédito”, afirma ele, agora achando graça.
André Alves ficou eufórico, a princípio. Seria algum título de capitalização esquecido?
A fortuna impulsionaria a planejada abertura da terceira unidade da Distribuidora de Bebidas Seu Antônio, inaugurada há quatro anos como continuidade do bar que o seu Antônio, seu pai, fundou há mais de duas décadas no município de Fazenda Rio Grande, no Paraná.
“Depois eu raciocinei e percebi que não era possível. Não tinha a menor lógica aquele valor estar na minha conta”, afirma. A euforia do empresário logo se transformou em preocupação.
Ele pensou que poderia ter sido hackeado ou vítima de alguma fraude financeira. Ficou com receio de vir a ter problemas com a Receita Federal. Decidiu, então, procurar o banco para entender o absurdo.
Mas não era nada disso. Foi apenas um equívoco do Banco Safra, que, ao ser avisado, informou que se tratava de um “erro sistêmico”, sem dar maiores detalhes, segundo o empresário.
Antes de corrigir a confusão, retirando os R$ 77,6 milhões de sua conta e deixando apenas os R$ 8.000 que deveriam estar lá, André Alves afirma que tomou um outro susto.
“Depois o banco tirou todo o valor da conta, e ela ficou negativa em R$ 14 mil. Tudo bem que eu não era dono dos R$ 77 milhões, mas me deixe o que é meu. Eu precisava pagar a meus fornecedores”, afirma o dono da distribuidora.
De acordo com o empresário, o problema foi identificado por volta das 8h30 e solucionado só em torno das 13h. A reportagem procurou a assessoria de imprensa do banco, mas a empresa não quis se manifestar. O Banco Safra não revela de onde partiram os recursos nem informa se houve outros casos semelhantes.
André Alves segue com os planos de abertura de uma nova loja de sua distribuidora, mas afirma que não vai querer tomar financiamento bancário. “A priori, vai ser com recursos próprios. Vamos deixar banco de lado”, brinca André Alves.
Com Folha de São Paulo