No intestino habita uma quantidade enorme de bactérias. Vale ressaltar que dentro do corpo humano elas são mais numerosas do que as células. Você sabia? Entre elas, existem as que trazem benefícios e que as podem provocar doenças. Atualmente, o consumo de probióticos — micro-organismos vivos — se popularizou como rotina entre os que buscam mais saúde.
A principal função deles é proporcionar equilíbrio para a flora intestinal e, consequentemente, a melhoria de outras funções do corpo, como a digestão e a absorção de nutrientes.
Segundo o nutrólogo do Hospital Santa Lúcia, Allan Ferreira, ainda existem muitas dúvidas sobre o funcionamento da flora. Pesquisas recentes apontam o uso de antibióticos e uma alimentação pobre em fibras como as possíveis causas para o desequilíbrio do ambiente intestinal, conhecida também como disbiose. “Normalmente, essa alteração é multifatorial. Jejum prolongado, consumo excessivo de açúcares, adoçantes e agrotóxicos também afetam o intestino”.
Outra possibilidade considera que doenças como diabetes e obesidade poderiam estar relacionadas às alterações. Porém, Allan esclarece que ainda não é possível determinar se a relação entre elas seria de causa ou de consequência. Má digestão, má absorção, distensão abdominal, flatulência, constipação e diarreia são alguns dos possíveis sintomas do problema.
Inegavelmente, existem benefícios na ingestão de probióticos. Manifestações clínicas, como a síndrome do intestino irritável, cólicas e dores abdominais melhoram a partir do instante em que o equilíbrio intestinal é restabelecido.
Para aumentar a quantidade das bactérias boas no intestino, existem dois caminhos: a alimentação adequada ou a suplementação. “Iogurte natural, kefir, kombucha e missô são fontes naturais de probióticos”, orienta Michelle Mendes, nutricionista funcional e oncológica da Aliança Instituto de Oncologia.
Aos que optam pela suplementação, ela pode ser feita por meio de cápsulas, sachês ou líquidos. A nutricionista destaca que é essencial consultar um profissional para saber qual a maneira ideal de incluí-los à dieta. Além disso, mais importante do que ingerir as bactérias, é preparar o ambiente intestinal para recebê-las. “Não adianta comer mal e tomar probióticos diariamente. É como não preparar a terra para receber uma semente. Ela não vai pra frente. As bactérias precisam de um ambiente favorável para que possam crescer e se desenvolver”, alerta o nutrólogo Allan.
Crianças também podem se beneficiar das bactérias do bem. Porém, pacientes que estejam com sistema imune muito debilitado, hospitalizados e neutropênicos (com baixa quantidade de glóbulos brancos) devem evitar os probióticos, devido a um risco maior de aumento do número de bactérias e o deslocamento delas, o que pode resultar, inclusive, em uma infecção.
Hábito
Sabendo das vantagens de ingerir probióticos diariamente, Juliana Marques, de 37 anos, decidiu consumi-los. Ela queria mais qualidade de vida, imunidade e melhoria do trato intestinal. Começou pelo kefir à base de leite, mas desde setembro do ano passado, o substituiu pela kombucha. Ambas são bebidas fermentadas e já são vendidas em muitas lojas de produtos saudáveis. Porém, Juliana prefere prepará-las em casa. “Gosto das duas, mas acabei optando pela praticidade. A kombucha é menos trabalhosa”, comenta a bancária. Enquanto o kefir precisa ser trocado diariamente, por fermentar muito rapidamente, a kombucha demora de sete a 10 dias, dependendo do clima.
Outra vantagem da kombucha é a variedade de sabores na hora de finalizar a bebida. A bancária gosta de alternar frutas e especiarias, como o gengibre e a canela. “Não tem limites para a criatividade”, enaltece a bancária. Atualmente, o consumo de kombucha é mais comum do que o de sucos na casa dela. O marido e as duas filhas também tomam o probiótico diariamente, e ela garante que não é só pela saúde, mas também pelo sabor. “O ganho de imunidade foi perceptível, faz muito tempo que ninguém adoece aqui em casa”, comemora.
Outras fórmulas
Recentemente, algumas marcas lançaram iogurtes com maior quantidade de probióticos em sua composição. Como são micro-organismos vivos, existe um certo nível de sensibilidade que deve ser levado em consideração ao longo de todo o processo. “Eles precisam de refrigeração para se manterem estáveis. A própria demora no armazenamento do produto quando ele chega ao supermercado ou no transporte até a nossa casa pode fazer com que ele sofra alterações”, complementa Michelle. Outro fator que deve ser sempre levado em consideração é a quantidade de açúcar presente em cada uma das fórmulas. Além disso, o excesso de produtos industrializados é o grande problema da sociedade atualmente. Quanto mais artificial for o alimento, maior a tendência a ser um ambiente estéril para as bactérias. Outro cuidado é verificar a data de validade. “Quanto mais caseiro e próximo do natural, melhor”, conclui nutrólogo Allan Ferreira.
Saiba mais: Probióticos x Prebióticos
Talvez pela grafia similar, há quem confunda probióticos com prebióticos e tenha dificuldade de distinguir suas funções. A especialista Michelle Mendes esclarece a dúvida: “Os probióticos são as bactérias e os prebióticos são os alimentos bons para as bactérias, que incluem principalmente as fibras”. Existem também os simbióticos, produtos que associam probióticos e prebióticos.
Com Portal UAI