Estrutura formada por queratina e que serve para proteger os dedos dos impactos do dia a dia, as unhas costumam ser tratadas apenas como aparato estético, principalmente pelas mulheres. Mas, mais do que isso, funcionam como uma espécie de espelho do corpo, podendo revelar desde carências nutricionais e hábitos inadequados a doenças crônicas e até autoimunes.
“Não significa que toda pessoa com alteração ungueal esteja com algum problema de saúde, mas, de fato, as unhas podem, sim, dar pistas sobre a gente. Por isso, é fundamental não só manter a higiene correta, como ter atenção constante e passar por avaliações periódicas”, reforça a dermatologista Ana Rosa Magaldi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Segundo a especialista de Belo Horizonte, um dos problemas mais frequentes é a micose, que se manifesta sobretudo nos dedos dos pés, destruindo a camada de queratina e levando à perda parcial ou completa da lâmina. Ocasionada por fungos, que encontram no ambiente úmido e escuro local perfeito para se proliferar, exige diagnóstico precoce para ser tratada adequadamente.
Menos comum – impactando cerca de 2% dos brasileiros – a psoríase é outro problema que pode dar sinais a partir do aspecto das unhas. Doença crônica e sem cura, a do tipo ungueal pode afetar tantos as mãos quantos os pés levando a descamações, engrossamento, depressões, manchas e até alterações de cor. O tratamento é essencial e individualizado.
Doença pulmonar
Determinante para algumas avaliações médicas, o aspecto das unhas das mãos ajuda a fechar o diagnóstico, por exemplo, de doenças pulmonares, como a fibrose – quando há substituição do tecido pulmonar normal por um cicatricial. Nesses casos, as pontas dos dedos adquirem aspecto semelhante a uma baqueta de tambor e as unhas, ao de vidros de relógio, tornando-se arredondadas. “Diagnostica-se pelas unhas”, enfatiza a dermatologista de Belo Horizonte, reforçando a importância do cuidado e diagnóstico corretos.
Menos graves, mas comuns, principalmente entre mulheres, sintomas como ressecamento e descamação também devem servir de alerta tanto para dietas desequilibradas quanto para hábitos estéticos e de higiene inadequados. A consultora de imagem e estilo Geralda Francisca de Oliveira Sá, de 41 anos, levou um susto quando soube disso.
Acostumada a manter as unhas impecáveis, sempre esmaltadas, exigência da profissão, percebeu uma descamação incomum e correu para o médico. A recomendação foi suspender, ainda que provisoriamente, as visitas à manicure e deixar as unhas “respirarem” por mais tempo.
“Eu fazia num dia e pouco tempo depois já estava sem o esmalte das pontas. Notei, então, que estavam descamando e muito fracas. É difícil ficar sem esmalte, mas preciso tentar”, comenta Geralda, que espera o resultado de exames de sangue para descobrir a razão do problema.
Alerta
Quando o assunto é a saúde das unhas, um dos alertas mais importantes diz respeito ao hábito de remover as cutículas e pintá-las com frequência. Sem a devida proteção e abafadas, as estruturas tornam-se frágeis e suscetíveis a problemas, explica o dermatologista Lucas Miranda, membro da SBD.
“O problema começa pela extração da cutícula, não só porque funciona como proteção, mas porque, quando retirada, sujeita a infecções e traumas. O uso de alicates e de instrumentos compartilhados também aumenta a chance de contato com sangue contaminado”, alerta o médico. As unhas devem ser avaliadas quanto a consistência, formato e presença ou não de manchas e sulcos.
Com Hoje em Dia