O preço da carne vermelha disparou em todo o país e o principal motivo vem de fora.
O preço alto encolheu o bife no prato do brasileiro. “Estou até perguntando o que aconteceu, por que aumentar desse tanto assim de uma vez”, disse a aposentada Júlia Barreto.
Em são Paulo, o preço do quilo da carne atingiu a máxima histórica de R$ 15,79 nesta segunda-feira (25).
Segundo especialistas, o aumento das exportações para China, Rússia e Emirados Árabes foi o principal motivo da alta para o consumidor.
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo.
“Os grandes players como Argentina, Paraguai, Uruguai têm limites geográficos, problemas políticos. A Austrália é um grande player também, tem problemas naturais de seca, chuva e também já exporta 80% da sua produção. A União Europeia: alto custo de produção. O Brasil está para a produção de carne bovina assim como o Oriente Médio está para a produção de petróleo”, disse Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea).
Além disso, o período de estiagem, mais longo em 2019, deixou o pasto seco, que não engordou o gado e colocou ainda mais pressão no mercado.
“O movimento especulativo que os produtores, na expectativa de que o preço aumente, acabam segurando um pouco mais esse gado, demorando um pouco mais para enviar esse animal para o abate”, explicou Rodrigo Coelho, gerente de exportação de frigorífico.
Final de ano e o consumidor espera mesmo que o preço da carne suba por causa das festas de confraternização. Mas estava acostumado com um aumento de até 10%. Só que subiu bem mais que isso e foi além do que cabe no bolso de muito brasileiro.
O preço do quilo da carne subiu em média 20% em novembro na comparação com setembro deste ano.
“A gente vai ter que trabalhar bastante, suar a camisa aí para conseguir trazer um preço mais acessível ao consumidor. Mas, sem dúvida, o preço que era no passado, esse não volta nunca mais não”, afirmou Rafael Pecioli, que é dono de açougue.
“A gente vai equilibrando, né. Compra menos, compra uma carne mais barata”, diz o bancário Marcelo Gomes.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse nesta segunda (25) que os preços ficaram estáveis por muito tempo e que os produtores vivem um momento de euforia, mas que o mercado vai se equilibrar. E que, mesmo sendo um grande exportador, o Brasil poderá importar carne.
Com G1