No Brasil, uma mulher é espancada a cada 15 segundos. No mundo, uma a cada três mulheres já foi espancada, estuprada, escravizada ou sofre algum tipo de violência. Os dados são da Fundação Perseu Abramo e da Anistia Internacional, respectivamente.
A campanha brasileira consiste na utilização do site www.homenspelofimdaviolencia.com.br para reunir assinaturas de homens que queiram participar da iniciativa. A meta é atingir 90 mil adesões. O endereço eletrônico será distribuído a redes, sindicatos, associações, comunidades e instituições e assinaturas também são coletadas em grandes eventos públicos.
No site, já constam as assinaturas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dos presidentes do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, do Congresso Nacional, Garibaldi Alves, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, e também do ex-jogador da seleção brasileira de futebol, Raí.
Durante a solenidade de lançamento da campanha, em Brasília, a representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Alana Armitage, destacou que Lula foi o primeiro presidente a responder à chamada da ONU com campanha específica voltada aos homens. “Os homens precisam ajudar para que haja zero tolerância da violência contra as mulheres.”
Para a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, as situações de violência contra a mulher não podem ser vistas como eventualidades. “A violência contra a mulher não é causada porque um homem perde a cabeça ou chega em casa embriagado, não é briga de casal. É violência sistemática, onde um detém o poder sobre o outro, numa relação desigual”, afirmou Nilcéia.
Para a representante do Fundo para o Desenvolvimento das Nações Unidas (UNIFEM), Ana Falú, o combate ao problema passa por uma mudança cultural. “A violência contra as mulheres é um tema público e não privado, que deve ter como premissa a uma mudança na cultura masculina. Só assim acabaremos com este flagelo”.
O coordenador do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Pedro Chequer, foi o nono homem a assinar a lista brasileira. Ele acredita que a mudança cultural não deve também do ponto de vista da mulher e não apenas na perspectiva masculina. “Em vários países há, por parte da mulher, uma perspectiva cultural de aceitar a violência masculina como justa e natural”, explica Chequer.A campanha mundial “Unite to End Violence Against Women”, convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em fevereiro deste ano, dura até 2015.