O Brasil registrou 1.439 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 221.676 óbitos desde o começo da pandemia. Foi o terceiro registro mais alto de mortes pela doença em 24 horas no país desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 1.064 — a maior desde o dia 4 de agosto, quando chegou a 1.066. A variação foi de +10% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de estabilidade nos óbitos pela doença.
Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 9.060.786 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 60.301 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 51.567 novos diagnósticos por dia –já são 20 dias com esse índice acima da marca de 50 mil. Isso representa uma variação de -5% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de estabilidade nos diagnósticos.
Os dados são do novo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de informações das secretarias estaduais de Saúde, consolidados às 20h de quinta-feira (28).
– Total de mortes: 221.676
– Registro de mortes em 24 horas: 1.439
– Média de novas mortes nos últimos 7 dias: 1.064 (variação em 14 dias: +10%)
– Total de casos confirmados: 9.060.786
– Registro de casos confirmados em 24 horas: 60.301
Média de novos casos nos últimos 7 dias: 51.567 por dia (variação em 14 dias: -5%)
Amazonas
Para evitar que a nova linhagem do coronavírus surgida em Manaus (AM) se espalhe mais e contribua com a formação de super epidemia no país, seria necessário decretar já um lockdown rígido no Estado. Restrições mais duras para entrada e saída de voos e no transporte fluvial deveriam ser adotadas. Além disso, a região precisaria ter prioridade de vacinação, testagem, rastreamento e isolamento de casos e contatos.
A avaliação é de Claudio Maierovitch, epidemiologista e médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “É preciso fechar o Amazonas já”, diz ele. Em sua visão, a epidemia da covid-19 está descontrolada no Brasil e pode se agravar, embora não só devido às novas linhagens do Sars-Cov2. As regras de controle da transmissão em âmbito nacional são falhas desde o início, frisa.
“Mas todas essas medidas deveriam ser tomadas muito rapidamente. Quanto mais um vírus se propaga, mais oportunidades ele tem para se desdobrar em novas linhagens. É por meio da alta transmissão que ocorrem as mutações, e foi o que aconteceu em Manaus.”.
A marcha da pandemia no país, contudo, não acontece só em razão das mudanças do vírus. A linhagem começa a se espalhar no momento em que a curva de transmissão está em inclinação forte e ascendente, e com o plano de vacinação nacional, fator essencial para a imunidade comunitária, ainda tímido e claudicante. Esse fatores combinados podem abrir caminho para epidemia mais catastrófica, observa Maierovitch.
Segundo ele, não é possível afirmar ainda se a variante é mais ou menos agressiva. “As linhagens da África do Sul, do Reino Unido e de Manaus compartilham duas mutações idênticas. Uma delas parece apresentar maior velocidade de transmissão e pode ou não estar associada a uma maior gravidade. A segunda estaria associada à capacidade de o vírus escapar de anticorpos contra a linhagem original.”
O médico ressalta que, como a rede de genotipagem no país tem capacidade limitada se comparada às de outras nações, investigações para o sequencimento genético não ocorrem na velocidade ideal. “A USP estava trabalhando nisso, mas a falta de coordenação nacional e de insumos acaba atrasando o trabalho. O fato é que não podemos aguardar resultados; as medidas preventivas precisam ser tomadas já”, pontua.
Maierovitch ressalta que a região amazônica tem fragilidade extra: os povos indígenas. Por viverem em isolamento, muitas das quais com pouquíssimo contato com outras comunidades, as tribos são muito mais vulneráveis a qualquer vírus desconhecido.
Também não se pode precisar se as vacinas em teste vão funcionar no médio ou longo prazo, explica. “Existem alguns estudos com a linhagem sul-africana e a do Reino Unido que indicam que algumas vacinas continuam a funcionar contra essas variantes. Nem todos os imunizantes foram testados até o momento, mas há boas chances de que continuem a funcionar, desde que a vacinação acelere.”
Questionado sobre as medidas para conter novas variantes, o Ministério da Saúde respondeu por nota que as ações são contínuas. “A pasta mantém as ações de prevenção e controle para conter a circulação do vírus em território nacional, prestando apoio aos Estados e municípios para o enfrentamento da covid-19, desde o início da pandemia.”
Vacina contra covid-19
A farmacêutica suíça Novartis informou nesta sexta-feira que assinou um acordo inicial com a BioNTech para prover apoio na fabricação da vacina do coronavírus que desenvolveu com a Pfizer.
Pelo acordo, a Novartis vai pegar o ingrediente ativo produzido pela BioNTech, colocá-lo em frascos e enviar de volta para a empresa alemã para serem distribuídos.
Confronto de vacinas
O Japão elevou o tom e advertiu hoje para a possibilidade de retaliação contra a restrição à exportação de vacinas anticovid produzidas na Europa. Coreia do Sul e Indonésia também atacaram o “nacionalismo de vacinas”.
A Europa mantém a pressão para que a AstraZeneca cumpra o acordo assinado com o bloco e entregue no prazo as vacinas encomendas para os 27 países membros. Nesse cenário, Bruxelas decidiu que vai usar poderes excepcionais para intervir na produção de vacinas e reservar o direito de proibir exportações.
“Eu estava confiante no suprimento global de vacinas. Mas agora estou preocupado porque a UE anunciou que pode bloquear exportações de vacinas produzidas na Europa até que um volume suficiente seja fornecido para a população europeia antes de permitir exportação para terceiros países’’, reagiu o ministro japonês de Reforma Administrativa, Taro Kono, que é o ‘’czar’’ da campanha de imunização no país.
“Estamos preocupados que dois tipos dessas vacinas possam ser bloqueados na Europa, nunca suspeitamos isso”, disse ele no Fórum de Davos virtual. “Estou muito preocupado que alguns governos podem tentar ser mais nacionalistas. É compreensível colocar sua população em primeiro lugar. Mas estamos vivendo no mesmo planeta e cadeias de valor são globais”.
O ministro acrescentou: “Não é sensato começar uma disrupção dessas cadeias de suprimento, porque pode levar a alguma forma de retaliação e podemos acabar tentando produzir tudo no nosso país. Isso não é econômico e, em muitos países, isso não é possível”.
Para o ministro japonês, é tempo para os líderes dos países se reunirem online para resolver o problema de acesso às vacinas. “Precisamos de estratégia global”, afirmou.
Ele lembrou que o mundo teve o mesmo problema com as máscaras, com alguns países procurando colocar barreiras sobre a importação, mas a disrupção foi de curto prazo. “Não devemos deixar ninguém fazer isso”, disse Kono, insistindo que alguns líderes, ao tentarem resolver seus problemas internos, acabam causando problemas para os outros.
A ministra de Relações Exteriores da Coreia do Sul, Kang Kyung-Wha, acrescentou na mesma discussão no Fórum de Davos que era difícil entender por que alguns países procuram ter mais vacinas do que necessário para suas populações serem imunizadas, enquanto outros estão com dificuldades e uma terceira categoria de países sequer tem recursos para entrar na corrida pelos imunizantes.
Da Redação com Valor Econômico