Bloqueio de caminhoneiros em rodovias pode provocar aumento na taxa de inflação no Brasil

Os bloqueios realizados por caminhoneiros em rodovias brasileiras podem provocar um aumento na taxa de inflação do país, em um curto prazo de tempo, avaliam especialistas. Ainda não se sabe qual tamanho do impacto dos bloqueios na distribuição de mercadorias, mas há risco de desabastecimento e uma consequente alta nos preços, se a mobilização desta quarta-feira (8) se perdurar por mais dias.

“Antes é preciso saber qual é o real tamanho dessa paralisação. Mas se ocorrer um novo evento como foi em 2018, o transtorno pode ser muito grande, comprometendo o trânsito de mercadorias e com filas em posto de combustíveis”, afirma professor do curso de Administração do IBMEC Minas Eduardo Coutinho.

Para Jorge Alexandre Neves, professor da UFMG e diretor no Centro Internacional de Gestão Pública e Desenvolvimento, seria um “tiro no pé” para o Governo federal apoiar uma ação que pode provocar desabastecimento e uma piora nos índices da inflação.

“A situação econômica está muito ruim, com queda no PIB (Produto Interno Bruto) e desemprego. Os empregos formais estão sendo criados em quantidades menores e com salários cada vez mais baixos. Temos uma inflação que pode piorar muito com um desabastecimento, além de uma crise hídrica e energética. Por que o governo vai dar corda para isso piorar?”, questiona Neves.

Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro mostrou que é capaz de colocar muitas pessoas nas ruas para defender suas pautas nesta terça-feira (7), mas isso não quer dizer que consiga atentar contra as instituições democráticas, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF). “Até uma parte significativa dos mais ricos do Brasil está claramente abandonando o governo. O mercado mostrou que não gostou do que viu no feriado. Houve queda na bolsa e mais depreciação do real frente ao dólar”, afirma.

Nesta quarta-feira, a Polícia Rodoviária Federal registrou 56 pontos de bloqueios realizados por caminhoneiros em rodovias federais. A manifestação acontece em apoio ao presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

Com O Tempo