Após 926 dias afastado, o engenheiro Luiz Felippe Teles Ribeiro, vítima de contaminação por dietilenoglicol após consumir cerveja da Backer, voltou ao trabalho presencial nesta quinta-feira (14).
Luiz Felippe passou mais de 80 dias em coma. Ele precisou colocar implantes no cérebro para compensar a perda total da audição e teve que passar por cirurgia abdominal por causa de uma bolsa de colostomia. Além disso, precisa de muleta para se locomover.
“Estou retornando com muita alegria, muita felicidade que não cabe no peito. Realmente, é um momento inesquecível, pois tentaram tirar tudo de mim. Após o período mais turbulento da minha vida, depois de uma intoxicação, um envenenamento em que passei 82 dias de coma, perdi audição, movimentos. Mas aqui estou eu, firme e forte, após muita perseverança e muita batalha”, disse.
Luiz Felippe tomou a cerveja Belorizontina, da Backer, no dia 22 de dezembro de 2019, com o sogro, Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Os dois foram internados pouco depois. Paschoal não resistiu e morreu em janeiro de 2020.
A contaminação de cervejas da marca por dietilenoglicol deixou dez pessoas mortas e várias outras com sequelas.
Relembre
A contaminação nas cervejas da Backer veio à tona em janeiro de 2020, quando a Polícia Civil começou a investigar a internação de várias pessoas após o consumo da cerveja Belorizontina, da Backer, com sintomas de intoxicação.
Segundo as investigações da Polícia Civil, a contaminação das cervejas por monoetilenoglicol e dietilenoglicol aconteceu devido a um vazamento no tanque da fábrica.
Em outubro de 2020, a Justiça recebeu a denúncia feita pelo Ministério Público contra 11 pessoas.
O MP considerou que, ao adquirir deliberadamente o monoetilenoglicol, impróprio para o uso na indústria alimentícia, três sócios-proprietários da cervejaria assumiram o risco de produzir as bebidas alcoólicas adulteradas.
De acordo com o órgão, sete engenheiros e técnicos encarregados da fabricação da bebida agiram com dolo eventual ao fabricarem o produto sabendo que poderia estar adulterado.
Também foi denunciada uma testemunha por apresentar declarações falsas no decorrer do inquérito policial.
Ao todo, 11 pessoas, inclusive sócios-proprietários da Backer, se tornaram réus “por crimes cometidos em função da contaminação de cervejas fabricadas e vendidas pela empresa ao consumidor”. Uma delas morreu em novembro de 2020.
Ainda não há prazo para o julgamento dos réus. Enquanto isso, em abril, a Cervejaria Três Lobos, responsável pela Backer, obteve autorização para voltar a produzir cervejas no parque industrial de Belo Horizonte.
Com g1