Segundo uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (21), a maioria dos brasileiros são a favor do aborto em casos onde a mulher foi estuprada e engravidou do abusador. Mais da metade dos brasileiros ainda são favoráveis ao aborto em casos específicos.
Segundo pesquisa da ONG Católicas Pelo Direito de Decidir em parceria com o Instituto Ipsos divulgado pelo portal UOL, 67% dos brasileiros são favoráveis à interrupção da gestação em situações específicas —a pesquisa ouviu mil pessoas em todas as regiões do Brasil, entre março e abril deste ano, e tem margem de erro de 3%, com nível de confiança de 95%.
O estudo mostrou, ainda, que o número de brasileiros que defendem que o aborto deve ser legalizado em qualquer circunstância ultrapassa o de brasileiros que acreditam que a prática deve ser 100% proibida, inclusive nos casos já previstos em lei (19% e 14% respectivamente). Embora os que defendam que o aborto deve ser totalmente legalizado representem menos de um quinto dos brasileiros, 85% acreditam que, se a prática deixar de ser criminalizada, “menos mulheres morreriam por abortos clandestinos” e quase 75% rejeitam que uma mulher seja presa por fazer um aborto.
A pesquisa das Católicas também considerou o papel da religião quando o assunto é a interrupção voluntária da gravidez —e mostrou que nem sempre é a fé que define a percepção dos brasileiros sobre o assunto.
Mais de oito em cada 10 católicos brasileiros acreditam que uma mulher que fez um aborto pode ser uma boa praticante de sua fé independentemente de ter interrompido a gestação.
Além disso, mais da metade dos brasileiros (51%) concorda que um profissional de saúde que tenha fé religiosa deve realizar um aborto, independentemente de suas crenças —hoje, a chamada objeção de consciência é utilizada por muitos profissionais da saúde como justificativa para não atender ocorrências de aborto em casos previstos em lei, explica a pesquisadora Gisele Pereira.
“Questões como o aborto e a sexualidade não encontram consenso entre pessoas que exercem alguma fé, principalmente entre católicos”, afirma Gisele Pereira. “No caso da Igreja Católica, os fiéis têm diferentes pensamentos sobre os direitos sexuais e reprodutivos; nem todos fazem coro ao discurso conservador cristão, proferido, por exemplo, pelo governo Bolsonaro e seus apoiadores.”
Da redação com UOL