Uma criança de 4 anos segue desaparecida após o naufrágio que ocorreu em Belém, há uma semana. Equipes com mergulhadores retomaram as buscas nesta quarta-feira (14) e até o fim da manhã, a menina não foi localizada.
Sophia Loren, de 4 anos, é a última vítima ainda procurada. Moradores de Salvaterra e a família compartilham fotos da menina em redes sociais na esperança de encontrá-la.
Outras 22 pessoas morreram: 13 mulheres, seis homens e três crianças; 66 ocupantes do barco sobreviveram, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup).
Os trabalhos de buscas dos mergulhadores se concentram onde o barco está afundado, no local do naufrágio, próximo à Ilha de Cotijuba, na baía do Marajó. No local há pouca visibilidade na água. Há também embarcações e aeronaves percorrendo a região.
Questionada pelo g1 sobre a previsão de retirada do barco do local, a Capitania dos Portos não respondeu. No entanto, a Segup informou que a dona do barco “alegou não ter condições de arcar com os custos de reflutuação”. A Marinha teria informado ao governo estadual que não deve fazer o procedimento. Com isso, o governo deve fazer a retirada.
“O Estado está realizando os trâmites legais de licenças e licitação para que o içamento seja realizado”, disse em nota.
O barco não tinha autorização para navegar e partiu de um porto clandestino. Também não havia ista oficial de passageiros, segundo a Segup, que por alguns dias não divulgou quantas pessoas estavam desaparecidas. Agora, o levantamento de pessoas desaparecidas é feito a partir da reclamação de familiares. As autoridades não divulgaram lista de nomes das vítimas e sobreviventes.
Familiares de desaparecidos podem procurar o Grupamento Fluvial, na avenida Arthur Bernardes, nº1000, em Belém, onde são atendidos por equipe multidisciplinar que fornece informações, serviços essenciais, assistência pisco-social ou qualquer outra necessidade urgente. Um número A também número da Defesa Civil para informações: (91) 98899-6323.
Investigação
Mais de 40 pessoas já foram ouvidas pela polícia entre sobreviventes, pessoas que ajudaram no resgate e também a irmã e mãe do comandante do barco. A previsão é concluir o inquérito em 10 dias.
O homem apontado como responsável e condutor da embarcação Dona Lourdes II foi preso na tarde de terça-feira (13). Marcos de Souza Oliveira, de 34 anos, estava na casa do cunhado em Ananindeua, região metropolitana de Belém. Ele deve ser submetido à audiência de custódia nesta quarta.
“O Marcos é o principal responsável pelo que ocorreu. E o pior, no momento de desespero ele não se preocupou em salvar vidas e alertar as pessoas”, afirmou o delegado geral da Polícia Civil, Walter Rezende. A defesa de Marcos diz que ele não se omitiu e procurou ligar para pessoas que pudessem ajudar e distribuir salva-vidas – veja mais abaixo.
Além da Polícia Civil, a Marinha investigam e o Ministério Público do Estado do Pará também investigam o caso.
“Com objetivo de acompanhar, fiscalizar, apurar as circunstâncias do naufrágio, e promover a responsabilização dos envolvidos e viabilizar melhorias nos serviços de transporte que atendem a Zona Oriental da Ilha do Marajó”, informou a promotoria de Justiça de Salvaterra.
Entre os relatos dos sobreviventes está o fato de que o condutor da embarcação teria demorado a chamar socorro quando o barco começou a afundar, além de não orientar os ocupantes do barco e não distribuir os coletes salva-vidas. Sobreviventes apontaram que os salva-vidas não teriam condições de uso, muitos se rasgavam. Alguns pescadores que ajudaram no resgate encontraram pessoas já sem vida usando colete.
O mandado de prisão de Marcos de Souza Oliveira foi expedido cerca de 48 horas após o naufrágio, mas o fato só foi divulgado pela Polícia Civil no início da tarde de terça-feira (13), em entrevista do delegado geral da polícia, Walter Rezende.
Segundo o delegado Walter Rezende, o comandante da embarcação deve ser indiciado por homicídio doloso. A polícia não descarta que mais familiares do suspeito sejam responsabilizados. “A gente está tomando depoimento e juntando às diligências realizadas para avaliar a extensão da responsabilidade criminal”, disse o delegado geral da Polícia Civil do Pará.
Segundo a defesa, o suspeito estaria sofrendo ameaçadas e, por isso, não teria se apresentado à polícia de forma voluntária, conforme relatou o advogado Dorivaldo Belém. Questionada sobre a responsabilização do comandante do barco por transportar pessoas sem colete salva-vidas, o advogado disse que a “responsabilidade é compartilhada”: E a responsabilidade de quem entra no barco e não coloca o colete?”, indagou o advogado, sem responder a questionamentos sobre as irregularidades no barco, apontadas pelas autoridades.
Os moradores da Ilha do Marajó sobram mais fiscalização segurança nas embarcações existentes para travessia entre Marajó e Belém. Nos últimos dias, cerca de 500 moradores bloquearam o principal porto de Salvaterra, no Marajó.
Após o naufrágio, o governo anunciou novas embarcações para a travessia que começaram a funcionar nesta terça-feira (13) e duas empresas, que faziam a travessia, estão suspensas.
A lancha carregada de passageiros, incluindo crianças e idosos, naufragou na manhã de quinta-feira (8) em frente à Ilha de Cotijuba em Belém. A embarcação saiu de Cachoeira do Arari, no arquipélago de Marajó, com destino à Belém .
Essa embarcação não possuía autorização para transporte intermunicipal de passageiros e saiu de um porto clandestino, segundo a Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Estado do Pará (Arcon-Pa), que havia notificado a empresa três vezes.
Com g1