A gente não esperava uma queda tão expressiva”. A análise é da economista Rafaela Vitória sobre a redução da taxa de desemprego no país. Em agosto, o número de pessoas sem empregos formais caiu para 8,9%, sendo a menor desde julho de 2015, quando ficou em 8,7%. Ou seja, os índices de desemprego atuais são os mais baixos em sete anos.
Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Além do estudo, a economista também refletiu sobre as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Eles mostram uma continuidade dessa melhora do mercado de trabalho que tem sido muito robusta e esse ano bem acima das expectativas da grande maioria dos economistas. Ninguém esperava no começo do ano que essa taxa de desemprego fosse ter uma queda tão expressiva. Há cerca de um ano, a gente tinha uma taxa ali próxima de 13%, hoje a gente já está com uma taxa abaixo de 9%. O próprio Caged mostrou cerca de 1,8 milhões de vagas criadas no acumulado do ano, agora em 2022”, destacou.
Segundo ela, o resultado é muito superior ao esperado. “A gente teve no primeiro semestre essa retomada dos setores de serviços, pós-pandemia. A volta de eventos, festas, viagens, mas a gente começa a ver também um crescimento mais consistente de todos os setores. Quando a gente olha os dados da indústria e da construção eles seguem constantemente contratando mais pessoas mensalmente”, justificou.
De acordo com Rafaela, os dados mostram melhora na confiança do consumidor e de alguns setores. Dentre eles, o de construção. “A gente, de maneira geral, tem um cenário econômico bastante positivo, um crescimento que foi bem acima do esperado, que não é pontual e que tem trazido essa boa notícia de uma geração mais robusta de emprego no Brasil. Isso vai ser muito importante para que a gente tenha um bom 2023. Lembrando que na medida que a massa salarial cresce, ela também dá poder de consumo para as famílias. Isso é importante para que o crescimento continue”, afirmou.
Rafaela também recuperou dados do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que apontou a queda da inflação. “A inflação medida pelo IGP-M ficou em menos 0,95% no mês de setembro. Então a gente teve uma deflação forte em setembro por conta da queda, de, principalmente, matérias-primas. Lembrando que o IGP-M mede mais a inflação ao produtor e as matérias-primas estão em queda em todos os estágios – desde os iniciais até os bens mais elaborados. Isso mostra que essa demanda global por bens que a gente teve muito forte fez com que o petróleo que impactou a gasolina e também alimentos, que também tiveram questões climáticas, arrefeceu no mundo e agora a gente começa a ter o impacto de preços menores”, disse.
Para a economista, a deflação deve continuar. “O IPCA, de 15 de setembro, também mostrou que essa inflação de bens e consumos continua mais fraca e, quando a gente olha pro IGP-M, a gente projeta uma inflação ainda mais enfraquecida para os próximos meses. Outubro a gente deve voltar a ver uma inflação positiva pela medida do IPCA, mas ainda assim ela vai ser mais fraca”, completou.
O setor de comércio foi o que mais contribuiu para a redução da taxa de desemprego, com 1,8 milhão de pessoas contratadas. No entanto, o país ainda conta com 9,7 milhões de pessoas desempregadas e mais de 4 milhões que desistiram de procurar emprego. Os dados da PNAD levaram em conta os meses de junho, julho e agosto.
O número de trabalhadores informais foi de quase 26 milhões. Para a professora de economia do Ibmec, Vivian Almeida, a contração ocorre como “impulso resposta”. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado foi o maior da série histórica iniciada em 2012, crescendo 2,8% no trimestre. O rendimento habitual cresceu 3,1%, ou seja, está na média de R$ 2.713,00, em relação ao trimestre anterior. A professora explica que a retomada do rendimento é lenta pois o trabalhador que volta ao mercado encontra propostas salariais menores. “O trabalhador ganhava R$ 5 mil antes de ser demitido e agora desempregado alguém oferece R$ 3 mil. Ele vai aceitar […] Porque se você está com um mercado em que a oferta é andante, o preço diminui, que é o salário”, detalhou Vivian.
da Redação com Itatiaia