Foi na hora de pagar a conta nos supermercados e encher o tanque dos carros que o consumidor brasileiro mais sentiu o peso da inflação. O aposentado Rogério Pedro de Freitas é um desses que passou o ano buscando alternativas para economizar na hora de fazer o almoço de cada dia.
“Ficou tudo muito caro. Tem vezes que eu vou no sacolão e trago só o suficiente para um almoço. Evito trazer uma verdura ou um legume que eu não vá consumir no dia para não correr o risco dele estragar na geladeira. Também estou trocando uma fruta por outra. O negócio é não desperdiçar”, destaca.
E tem razão de tentar economizar. Alguns dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros encerraram 2022 com alta expressiva. É o caso da cebola, que termina 2022 com aumento de 130% no comércio de Belo Horizonte, segundo levantamento mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A batata também teve alta considerável de 62% no ano; o leite fechou com elevação de 34% e as frutas ficaram 30% mais caras.
Nas bombas de gasolina, a disparada dos preços aconteceu até maio, quando o combustível chegou a R$ 7,79 nos postos de Belo Horizonte. Depois dessa data, o governo federal fez uma redução de impostos, forçando também uma queda de tributos dos governos estaduais, levando a uma retração no preço da gasolina, que encerrou dezembro em R$ 4,69 em alguns estabelecimentos da Grande BH.
Incertezas
A redução no preço dos combustíveis somada a um ciclo de aumentos nas taxas de juros, que encerra o ano com uma Selic de 13,75%, foi o caminho adotado pelo governo federal para inverter a tendência de alta na inflação, o que ajudou o IPCA a encerrar o ano em 5,9%.
Porém, o professor Márcio Salvato aponta que as incertezas sobre a manutenção dessas medidas no novo governo são o que mais pode afetar os preços em 2023.
No entanto, um dos primeiros atos do presidente Lula à frente da Presidência da República foi assinar uma medida provisória (MP) estendendo a isenção de PIS/Pasep e Cofins, impostos federais, sobre os combustíveis.
De acordo com o ato, a gasolina e o etanol ficam livres de impostos federais até 28 de fevereiro. Nos casos do diesel, biodiesel e gás de cozinha a isenção foi garantida até o final do ano.
Dragão ainda está longe de ser domado, analisa mercado
E se em 2022 fomos aterrorizados pelo fogo do dragão da inflação, para 2023 ele ainda não deve ser domado. A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, registra um aumento em relação à projeção da semana passada. O índice passa de 5,23% para 5,31%. Para 2024 e 2025, as projeções são de inflação em 3,65% e 3,25%, respectivamente.
A estimativa consta na edição desta segunda-feira (2) do Boletim Focus, pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Para alcançar a meta de inflação, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.
Para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic seja mantida nos mesmos 13,75% ao ano na primeira reunião do ano, marcada para 31 de janeiro e 1º de fevereiro. Mas para o fim de deste ano, a estimativa é de que a taxa básica fique em 12% ao ano, contra 11,75% ao ano previstos na semana passada.
Com Hoje em Dia