Paciente com HIV e leucemia entra em remissão do vírus após receber transplante de medula óssea de doador resistente ao HIV, anunciam cientistas.
Cientistas do Hospital Universitário de Düsseldorf, na Alemanha, publicaram um estudo na revista Nature Medicine sobre o quinto caso registrado de um paciente que entrou em remissão para o HIV.
O homem, conhecido como “paciente de Düsseldorf”, foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda em 2011, seis meses após iniciar o tratamento para o HIV. Em 2013, os médicos optaram por um transplante de medula óssea de um doador com genética resistente ao vírus para tratar o câncer.
O paciente está agora em remissão para o HIV, tornando-se mais um caso bem-sucedido de cura através do transplante de medula óssea.
“Desde o início, o objetivo do transplante era controlar tanto a leucemia quanto o vírus HIV”, disse o médico Guido Kobbe, que realizou o transplante, em comunicado.
Os cientistas escolheram um doador com uma mutação no receptor CCR5 para bloquear a infecção do HIV e impedir sua replicação no organismo. Essa estratégia foi a mesma utilizada em casos anteriores bem-sucedidos.
Após cinco anos sem tratamento antiviral, os especialistas descontinuaram o tratamento e acompanharam o paciente constantemente. Não houve evidências de ressurgimento do vírus ou resposta imunológica a ele, sugerindo fortes evidências de cura do HIV.
Em 2009, Timothy Ray Brown, também conhecido como “paciente de Berlim”, se tornou a primeira pessoa no mundo a ser curada do HIV após um transplante de medula óssea. Ele viveu por 12 anos sem o vírus, mas morreu em 2020 devido a um câncer.
Outros casos de pacientes curados do HIV envolvendo transplantes de medula óssea foram registrados, incluindo o “Paciente de Londres” e duas pessoas que preferiram permanecer anônimas.
No entanto, essa não é uma opção de tratamento recomendada para todos os infectados, já que é um procedimento complexo e arriscado que depende da compatibilidade com doadores. É indicado apenas para aqueles que precisam do transplante devido a um quadro avançado de câncer.
“Embora o transplante usando doadores com uma mutação CCR5Δ32/Δ32 não seja um procedimento de baixo risco nem facilmente escalonável, sua relevância para estratégias de cura é destacada por relatos recentes de remissão bem-sucedida do HIV-1 a longo prazo (…) A expansão dessa abordagem para introduzir a mutação CCR5Δ32 em enxertos de células-tronco de tipo selvagem usando terapia gênica em combinação com novas estratégias de redução de reservatório pode manter a promessa de uma cura para o HIV-1 fora das malignidades hematológicas (como a leucemia) com risco de vida”, escreveram os pesquisadores no estudo.
Da redação, Djhessica Monteiro.
Fonte: O Globo.