A partir de julho de 2022, o Brasil mudou oficialmente a celebração do “Dia do Índio” para o “Dia dos Povos Indígenas”, devido à problemática do termo “índio”, considerado genérico, preconceituoso e que não considera a diversidade das etnias indígenas. A palavra “indígena” é preferida, pois reconhece a singularidade de cada povo sem reproduzir a visão eurocêntrica do colonizador que desconsidera as diferenças culturais e linguísticas. A mudança reflete as ideias e lutas das diversas sociedades indígenas e representa a valorização da identidade dos povos originários.
A partir de julho de 2022, o Brasil oficialmente mudou a celebração do “Dia do Índio” para o “Dia dos Povos Indígenas”. A mudança foi necessária devido à problemática do termo “índio”, considerado genérico e preconceituoso, além de não considerar a diversidade das etnias indígenas.
A palavra “indígena” é preferida, pois significa “natural do lugar em que vive” e reconhece a singularidade de cada povo, sem reproduzir a visão eurocêntrica do colonizador que desconsidera as diferenças culturais e linguísticas.
Defensores das causas indígenas há anos argumentavam pela mudança para “Dia dos Povos Indígenas”, uma vez que a data marca a luta dos povos originários pela sobrevivência desde a colonização do Brasil até os genocídios modernos.
A alteração foi aprovada pela Lei 14.402 em julho de 2022 para refletir as ideias e lutas das diversas sociedades indígenas. O escritor e ativista indígena Daniel Munduruku também enfatiza que a palavra “índio” esconde toda a diversidade dos povos indígenas, enquanto “indígena” expressa a origem e singularidade de cada povo.
Valorização da Identidade dos Povos Originários
Maria Vitória Berlink, mestra em Linguística Aplicada pela PUC-SP, enfatiza que a adoção do termo “indígena” é significativa, pois representa a valorização da identidade dos povos originários.
Ela explica que os colonizadores portugueses e espanhóis utilizavam a palavra “índio” de forma genérica, sem considerar as particularidades de cada povo. Por isso, os povos indígenas estão reivindicando o direito de se autodefinirem e de serem reconhecidos por seus nomes e culturas.
Além disso, Márcia Mura destaca a importância de respeitar a identidade cultural individual de cada povo e tratá-los pelo nome correto, como os Mura, Uruéu-Au-Au, Guarasugwe, entre outros.
Apesar das divergências internas sobre a nomenclatura, é fundamental lembrar que muitos povos sofreram tentativas de apagamento cultural desde a chegada dos colonizadores. Eles tentaram eliminar línguas, costumes e memórias, deixando para trás um termo carregado de estereótipos.
O dia 19 de abril é tradicionalmente considerado o Dia do Índio, mas Márcia Mura enfatiza que não é um dia de comemoração, mas de reivindicação. Os povos indígenas ainda lutam diariamente pelo reconhecimento de seus territórios, culturas e direitos, diante de uma sociedade que, muitas vezes, os marginaliza e violenta.
Dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o desmatamento na Amazônia Legal continua a crescer, com consequências graves para o meio ambiente e para os povos indígenas que dependem da floresta para sobreviver. Por isso, é importante ressaltar que todos têm a responsabilidade de cuidar da terra e preservar os biomas, que estão interligados e afetam a vida de todos os seres que habitam o planeta.
Da redação, Djhessica Monteiro
Fonte: G1