A Polícia Federal realizou uma apreensão surpreendente de 290kg de maconha em um avião pertencente à Igreja do Evangelho Quadrangular, cujo líder é parente da senadora Damares Alves. O flagrante ocorreu no Aeroporto Internacional de Belém, no Pará.
Tio da senadora foi condenado em 2018 à perda do mandato e dos direitos políticos por enriquecimento ilícito em um esquema de desvio de recursos da saúde no Pará
Avião com 290 quilos de Skunk apreendidos pela Polícia Federal pertencente à Igreja do Evangelho Quadrangular, cujo líder é parente da senadora Damares Alves
No último sábado (27), a Polícia Federal apreendeu um avião contendo 290 quilos de skunk, uma forma concentrada de maconha, em um hangar do Aeroporto Internacional de Belém, no Pará. Surpreendentemente, a aeronave pertence à Igreja do Evangelho Quadrangular, liderada pelo tio da senadora Damares Alves, do partido Republicanos-DF.
A assessoria da senadora confirmou o parentesco entre ela e o ex-deputado federal e pastor Josué Bengtson, que não estava presente no voo. Josué e seu filho, o também ex-deputado federal Paulo Bengtson, são líderes espirituais da Igreja Quadrangular do Pará, da qual Damares também é pastora.
Josué, autoproclamado “conservador cristão”, foi condenado em 2018 à perda do mandato e dos direitos políticos por enriquecimento ilícito em um esquema de desvio de dinheiro público da saúde no Pará, conhecido como “máfia das vítimas”. Ele desempenhou quatro mandatos como deputado federal, divididos em dois períodos (1999 a 2007 e 2011 a 2019). Damares trabalhou como assessora parlamentar no gabinete de seu tio.
A assessoria da senadora divulgou uma nota confirmando o parentesco com Josué Bengtson e informando que ela teve conhecimento da operação da Polícia Federal em Belém somente na manhã de segunda-feira, por meio da imprensa. Segundo a nota, Damares entrou em contato com sua família, que informou que uma denúncia à Polícia Federal sobre a suspeita de carga no avião foi feita pelos responsáveis pela aeronave, ou seja, pela própria Igreja. A Polícia Federal aceitou o caso e tomou as medidas necessárias. A nota também indica que mais informações poderão ocorrer diretamente com a PF.
Por sua vez, a instituição religiosa emitiu uma nota alegando que um prestador de serviço terceirizado acessou o avião na noite de sexta-feira (26) sem permissão e que desconhecem a origem da droga. Segundo a nota, o homem abordou o piloto pretendendo fazer um voo para transportar algumas peças de trator para uma cidade do interior. A igreja afirma que só soube da presença da droga no avião após uma intervenção da polícia.
No domingo (28), a Polícia Federal divulgou publicamente a apreensão, sem mencionar nomes ou dados específicos sobre a aeronave. Em comunicado, uma corporação informou que prendeu “uma pessoa que estava prestes a transportar 290 quilos de skunk”. A droga seria levada de avião monomotor para fora do estado, mas foi interceptada antes da decolagem, em um hangar de voos particulares do Aeroporto Internacional de Belém. A droga ocupava todo o espaço disponível na aeronave, além dos assentos para o piloto e um passageiro.
O destino planejado para o monomotor com as drogas era a cidade de Petrolina, em Pernambuco. Segundo a nota da PF, “minutos antes da decolagem, prevista para as 7h30, o responsável pela droga foi alcançado enquanto caminhava do pátio em direção à aeronave. Ao avistar a polícia, ele fugiu para fora do aeroporto, mas foi capturado”.
O indivíduo foi autuado em flagrante por tráfico interestadual de drogas, enquanto o piloto não foi preso, uma vez que não foram testemunhas de sua participação no crime. A aeronave foi compreendida, assim como o celular do detido.
Da redação com O Tempo