O sistema de pagamento Pix, amplamente usado no Brasil, está sofrendo com um aumento significativo de golpes. Em 2022, houve 1,7 milhão de casos de fraudes relacionadas ao Pix, de acordo com a startup Silverguard. A maioria das vítimas não denuncia os golpes e não tenta recuperar seu dinheiro. Cerca de 42% dos brasileiros já enfrentaram tentativas de golpes, com 9% admitindo terem sido enganados.
Em Minas Gerais, 30% das pessoas foram alvo de tentativas de golpes, com 7% confirmando terem sido vítimas reais. Surpreendentemente, a maioria das vítimas em Minas Gerais (60%) não toma medidas para recuperar seu dinheiro, o dobro da média nacional. Além disso, a denúncia formalizada por meio de boletins de ocorrência é rara em Minas Gerais, com 86% dos entrevistados admitindo não ter formalizado denúncias, sugerindo uma subnotificação grave desses casos.
Os golpes costumam se concentrar nas plataformas de mensagens WhatsApp e Instagram, e os mais comuns, particularmente quando envolvem valores significativos, acima de R$ 5.000, incluem:
- Golpe da central telefônica: Nesse golpe, o fraudador se passa por um profissional de central de atendimento ou por um gerente bancário, induzindo a vítima a reverter uma suposta transação do Pix.
- Golpe do falso parente: O criminoso se faz passar por um familiar da vítima e solicita um pagamento para uma conta bancária fictícia.
- Golpe do falso relacionamento amoroso: Nesse golpe, uma pessoa cria um perfil falso nas redes sociais e estabelece um relacionamento romântico com a vítima, a fim de solicitar dinheiro.
A recuperação do dinheiro perdido em golpes do Pix é uma possibilidade, embora não seja garantida. O Banco Central implementou, no final de 2021, o Mecanismo Especial de Devolução do Pix (MED), estabelecendo um conjunto de regras para orientar a restituição dos valores pelo banco onde o dinheiro foi depositado.
A seguir, estão os passos indicados pelo Banco Central:
- Entre em contato com a sua instituição financeira e solicite a abertura de uma notificação por meio do Mecanismo Especial de Devolução, o mais tardar 80 dias após a transação. O banco onde o dinheiro foi creditado poderá bloquear os valores e, após comprovação da fraude, efetuar a devolução.
- Forneça os dados da transação à autoridade policial: Isso inclui o ID da transação, valor, data/hora da liquidação, descrição (se houver), nome do banco do recebedor, nome do recebedor, CPF ou CNPJ.
- Entre em contato com o banco onde o dinheiro foi depositado para obter mais informações.
Vale destacar que o MED não pode ser aplicado a casos de Pix realizados por engano. De acordo com dados do Banco Central, coletados pela Silverguard por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), 97% das notificações referem-se a suspeitas de golpes. No entanto, o MED nem sempre produz resultados positivos, pois os golpistas podem ter fechado suas contas bancárias rapidamente. Na realidade, a maioria das solicitações de MED, sete a cada dez, é rejeitada pelos bancos, muitas vezes devido a essas circunstâncias.
Da redação
Fonte: O Tempo