Corre um boato de que a Uber do Brasil não está mais aceitando o cadastros de motoristas – o que é falso. A mentira apareceu após a Justiça do Trabalho de São Paulo condenar o aplicativo de mobilidade ao pagamento R$ 1 bilhão por danos morais coletivos e obrigar a empresa a registrar mais de 500 mil prestadores de serviço.
O boato circulou em forma de uma foto tirada de uma tela, trazendo um texto que seria de uma notificação do próprio aplicativo. Como a maior parte das fake news, as informações tinham erros de ortografia. “Prezado motorista, devido as regulamentações vigente em seus pais, encerramos o cadastramento de novos motoristas. Por esse motivo não é possível cadastrar-se nesse momento. Lamentamos mas não conseguimos continuar com seu cadastro (sic)”, dizia o texto falso.
Questionada, a Uber apenas confirmou se tratar de uma informação inverídica. Porém, sobre a decisão da 4ª Vara do Trabalho de São Paulo, que exige, entre outras coisas, a contratação dos motoristas pela empresa em regime de CLT, a empresa afirmou, por nota, que irá recorrer da decisão e que há mais de 6.000 sentenças favoráveis a ela em varas e tribunais de Justiça de todo o país.
“A Uber esclarece que vai recorrer da decisão (…) e não vai adotar nenhuma das medidas elencadas na sentença antes que todos os recursos cabíveis sejam esgotados”, disse. A sentença determina contratação em regime de CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em até seis meses após o trânsito em julgado da ação – quando o processo chega totalmente ao final, sem possibilidade de recurso -, sob pena de multa diária de R$ 10 mil por motorista.
Ironia: categoria é contra CLT, mas denuncia “exploração” da empresa
O diretor da Frente Nacional de Motoristas Autônomos (Fama), Veron Guilherme, em entrevista ao jornal O Tempo, relatou que os motoristas estão vivendo uma instabilidade muito grande devido à decisão judicial e das falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a intenção de regular a atuação dos motoristas e entregadores por aplicativo no país.
“Estão querendo fazer CLT para nós motoristas, que a gente seja funcionário da Uber. A gente vai ter que cumprir carga horária agora, vai ser protocolado o valor por tantas corridas. O governo querendo impor, colocar sindicato para estar gerenciando os motoristas, a gente vai ter que pagar sindicato, então, a gente está, inclusive, pedindo os políticos para que eles possam nos respaldar neste assunto”, disse.
Mas, vem a contradição: questionado se a CLT não seria uma forma de garantir maiores direitos trabalhistas e uma melhor remuneração, o representante dos motoristas criticou a falta de atenção dispensada pela plataforma aos seus colaboradores.
“Além de lucrar com a gente, ela não pensa na segurança dos motoristas. Eles têm condição de fazer um trabalho de segurança, com tecnologia da informação. Infelizmente nós estamos sendo explorados, mas aí as pessoas falam: se é assim, é só parar. Mas, e o investimento que eu fiz, no carro, no celular, prestação de contrato de aluguel? Eles (aplicativos) chegaram para a gente como uma proposta de lucro muito grande, e, agora, a gente está sendo explorado”, finaliza.
Da redação com O Tempo