![]() |
No curto prazo, esta indefinição funciona ao inverso da especulação, reduzindo o desejo de realização de negócios e empurrando os preços para baixo. Afinal somos, em grande maioria, avessos ao risco. A economia real necessita de sinais de orientação e isto está em falta. No setor agrícola, sobram produtos que têm que ser comercializados para uso quase imediato, da mão para a boca, e aí os preços sofrem, pois a quantidade disponível é geralmente muito maior do que a que pode ser consumida no curto prazo.
Pouco importa que, no caso do milho, a previsão dos estoques mundiais ao fim deste ano agrícola esteja em níveis extremamente baixos em relação ao consumo. Nem que não se vejam sinais de redução da produção de etanol a partir do milho nos EUA, nem que existam sinais de que os chineses vão reduzir a sua demanda por alimentos. Os preços não encontram o piso e este ponto de equilíbrio ainda vai demorar algum tempo para ser encontrado novamente.
Não existem grandes novidades nas informações sobre a produção mundial de milho. O ponto a assinalar é a redução dos estoques nos Estados Unidos (uma redução de cerca de 30% com os estoques previstos, que serão equivalentes a apenas 9% do consumo americano ao fim do ano civil) mas, como assinalamos, isto será motivo de preocupação apenas no próximo ano. No hemisfério Sul, os plantios estão em andamento e, estes sim, sofrem influência da crise internacional, com crescimento do preços de insumos e sinalizações de preços em baixa. O resultado são previsões de redução de área plantada com milho, tanto na Argentina como no Brasil, os maiores produtores deste lado do planeta.
João Carlos Garcia e Jason de Oliveira Duarte
Pesquisadores da área de economia agrícola da Embrapa Milho e Sorgo