A crise hídrica que assola o Brasil há meses atingiu um novo marco preocupante. Uma das maiores hidrelétricas do país, localizada em Rondônia, teve suas operações suspensas devido à seca histórica que afeta o rio Madeira, a principal fonte de abastecimento da usina. A decisão foi tomada no último domingo (1º) e anunciada nesta segunda-feira (2) pela Santo Antônio Energia, a empresa responsável pela operação da hidrelétrica.
A hidrelétrica de Santo Antônio é um gigante energético com 50 turbinas e uma potência instalada de 3.568 Megawatts, ocupando a 4ª posição no ranking de geração de energia em 2022. No entanto, os níveis de vazão do rio Madeira estão agora 50% abaixo da média histórica, o que levou à segunda paralisação de suas operações, a primeira ocorrendo em 2014, durante uma das maiores cheias do rio Madeira.
De acordo com a Santo Antônio Energia, a decisão de interromper as operações foi tomada em conjunto com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), visando preservar a integridade das unidades geradoras da hidrelétrica. A quantidade de água disponível é insuficiente para o funcionamento das turbinas, o que torna a suspensão das atividades uma medida necessária. No entanto, ainda não há previsão para o retorno das operações.
A empresa ressaltou que, apesar da situação crítica, não há risco iminente de falta de abastecimento de energia elétrica para os estados de Rondônia e Acre, que dependem significativamente da hidrelétrica. Rondônia está integrada ao sistema nacional de energia elétrica, permitindo que outras fontes de geração de energia possam compensar a demanda regional, garantindo a continuidade do fornecimento elétrico. A Usina de Jirau, também situada no Rio Madeira, continua operando normalmente.
Enquanto isso, a capital de Rondônia, Porto Velho, está em estado de alerta devido à estiagem que começou em agosto e deve persistir até dezembro. A região Norte do país também sofre com a seca severa, e Manaus, a capital do Amazonas, decretou situação de emergência devido à falta de chuvas. Lagos e igarapés na cidade estão secando, afetando comunidades ribeirinhas que lutam com a escassez de alimentos e água potável.
A crise hídrica também teve um impacto direto nas atividades de lazer em Manaus, com a interdição da praia da Ponta Negra, o principal balneário da capital amazonense. O mergulho no local está proibido desde esta segunda-feira (2), devido ao nível perigosamente baixo do Rio Negro, que fica abaixo dos 16 metros, conforme indicado em um laudo do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Esse aumento abrupto na profundidade representa um risco significativo para os banhistas, resultando na medida temporária de fechamento da praia, que deve durar 90 dias.
Dos 62 municípios do Amazonas, apenas dois não foram afetados pela seca histórica. Manaus e outros 16 municípios já decretaram situação de emergência, enquanto 38 estão em estado de alerta e 5 em atenção, destacando a urgência de medidas para enfrentar essa crise hídrica que afeta a região Norte do Brasil.
Da redação com O Tempo