Estudantes que se dedicam à leitura de textos mais extensos têm uma probabilidade maior de alcançar melhores resultados em avaliações de leitura e disciplinas como matemática e ciências, conforme indicado por um estudo realizado pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em colaboração com a plataforma de leitura Árvore.
Os resultados da análise revelam que entre os alunos que se envolvem com textos contendo mais de 100 páginas, 29% alcançaram pelo menos o nível 4 de proficiência em leitura no Programme for International Student Assessment (Pisa), uma avaliação internacional aplicada a estudantes entre 15 e 16 anos. Em contraste, entre os alunos que relataram ter lido textos com uma página ou menos ao longo do ano letivo, apenas 5% atingiram o mesmo patamar.
Além disso, entre os estudantes que se dedicam a textos extensos, 33% conseguiram pelo menos o nível 3 não apenas em leitura, mas também em ciências e matemática no Pisa, indicando um sólido desempenho nessas áreas. Por outro lado, entre aqueles que se limitaram a leituras curtas, apenas 6% alcançaram resultados semelhantes.
O estudo destaca que é incomum um estudante atingir níveis elevados de proficiência em leitura sem cultivar o hábito regular de leitura.
As conclusões foram derivadas da análise dos microdados do Pisa 2018. No contexto do Pisa 2018, o Brasil se destaca como o país com o maior percentual de estudantes que afirmaram ter lido textos com uma página ou menos durante o ano, totalizando 19,6%. Em contrapartida, nos países desenvolvidos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média é significativamente menor, registrando apenas 5,5%.
No âmbito da América do Sul, o Brasil apresenta o menor índice de estudantes que afirmaram ter lido mais de 100 páginas durante o ano, totalizando apenas 9,5%. Comparativamente, o Chile relatou um percentual de 64%, a Argentina 25,4% e a Colômbia 25,8%.
Indicadores socioeconômicos
O estudo revela ainda que países com maiores índices do Produto Interno Bruto (PIB) mais alto e menor taxa de desemprego entre a população de 15 a 24 anos têm jovens com melhor hábito leitor. Essa análise foi feita considerando as respostas dos estudantes aos questionários do Pisa dos anos de 2000 e 2009 e duas variáveis externas: o PIB per capita dos países e a Taxa de Desemprego entre Jovens de 15 a 24 anos.
Segundo o estudo, a hipótese é de que se os jovens tiverem bons hábitos de leitura, eles podem ser mais capacitados para o mercado de trabalho, aumentando assim o PIB per capita de um país.
Da Redação com Agência Brasil