O ano de 2023 foi prolífico em golpes na internet: para ludibriar, os falsários fazem de tudo, inclusive imitar sites governamentais, criar notícias falsas e até utilizar inteligência artificial com rostos e vozes de famosos.
Para evitar cair em um golpe, recomenda-se que o consumidor não clique em links desconhecidos. Além disso, ele deve ficar atento aos certificados de segurança dos sites e só dar informações pessoais — como endereço, CPF e dados de cartão de crédito — quando tiver certeza que a empresa existe e que o site é confiável.
Uma dica é sempre checar a reputação da empresa no Reclame Aqui, site que agrega queixas de consumidores, e conferir os links no Detector de Site Confiável, ferramenta da plataforma que ajuda a identificar sites fraudulentos.
Veja abaixo 6 tipos de fraude que circularam nas redes sociais este ano:
Promoções ‘imperdíveis’
Uma das táticas usadas é a de promover promoções que não existem, prometendo itens a valores muito abaixo do mercado e, supostamente, disponíveis por tempo limitado. Em julho, por exemplo, circularam nas redes sociais publicações prometendo até 80% de desconto em produtos importados do Walmart. A assessoria do Grupo Big, ex-Walmart Brasil, negou as informações.
Em agosto, uma falsa reportagem do portal G1 sobre uma liquidação promovida por uma empresa internacional fornecedora de ferramentas, a American Machine Foundry, viralizou nas redes. Na época, diversos consumidores usaram o Reclame Aqui para denunciar a fraude. Um usuário citou que realizou a compra depois que viu a suposta notícia, mas nunca recebeu o produto.
Falsas campanhas em datas comemorativas
Datas sazonais foram usadas por criminosos para impulsionar fraudes. Em maio, golpistas criaram uma falsa campanha de Dia das Mães, atribuída ao Nubank, com o objetivo de roubar dados de internautas. A promessa era a transferência, via Pix, de um valor de R$ 100 para quem fizesse um cadastro no site da falsa campanha. Os pagamentos nunca aconteceram.
O nome do Nubank já havia sido usado por golpistas antes. Em abril, circularam nas redes falsas campanhas de Páscoa envolvendo o banco, a Cacau Show e a Nestlé. Os criminosos prometiam chocolates e um Pix de R$ 500 como prêmios de promoções. Nos três casos, os golpistas pediam para o usuário preencher um questionário e, na sequência, compartilhar a promoção em grupos de WhatsApp. O objetivo desse tipo de ação também é roubar dados de consumidores e amplificar o alcance do golpe a partir dos compartilhamentos nos grupos de conversa.
Já em dezembro, um falso site de vendas compartilhou anúncios de uma árvore de Natal com luzes, controle remoto e um kit com 132 enfeites pelo preço inicial de R$ 125,90. Até 18 de dezembro, o site acumulava 121 denúncias no Reclame Aqui de consumidores que efetivaram a compra, mas não receberam os produtos. Nenhuma das queixas foi respondida pela empresa.
Falsos questionários de empresas famosas
Em maio, uma mensagem viral sobre uma falsa campanha de aniversário da rede de supermercados Zaffari. A mensagem compartilhada trazia um link que levava a um questionário. A promessa era de prêmios de até R$ 1 mil para quem respondesse às perguntas. Publicações semelhantes também prometeram R$ 1 mil para quem fosse sorteado após responder um questionário da rede de farmácias Pague Menos.
Em esquemas como esses, os criminosos criam sites com as cores e logos de empresas conhecidas para enganar as vítimas. É comum que os golpistas peçam ainda que a pessoa se cadastre em sites ou aplicativos e aguarde contato para a entrega do prêmio — o que nunca acontece. O objetivo é coletar dados pessoais ou infectar o dispositivo da vítima com programas maliciosos, práticas conhecidas como phishing e pharming.
Falsas iniciativas públicas e programas do governo
Programas do governo federal, como o Desenrola Brasil, Minha Casa, Minha Vida e o Voa Brasil — que sequer foi lançado —, também foram usados para aplicar golpes. No dia de lançamento do Desenrola Brasil, em julho, a Lupa encontrou ao menos 50 posts, que deram origem a diversos anúncios patrocinados em plataformas da Meta, criados para enganar usuários e colher informações como CPF e dados de cartão de crédito.
Outra publicação, em julho, também induzia o usuário a fornecer dados sensíveis, como CPF e endereço, para ter acesso a benefícios do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Contudo, logo após preencher as informações, o usuário passava a receber, no e-mail cadastrado, uma enxurrada de mensagens com links suspeitos oferecendo serviços que não foram solicitados.
O Voa Brasil também foi usado para capturar dados pessoais. As informações fornecidas pelo usuário no cadastro podem ser usadas pelos golpistas para realizar compras ou pedir empréstimo em nome das vítimas. Além disso, os e-mails enviados podem conter links ou arquivos maliciosos projetados para infectar o dispositivo do usuário.
Falsa recuperação de dinheiro
Ao longo de 2023, circularam diversas publicações prometendo a devolução de parte de valores gastos no cartão de crédito, em transferências Pix ou esquecidos no banco. Em sites promovendo o esquema, os golpistas pediam para o usuário preencher informações como CPF, nome completo e até mesmo compartilharem dados bancários. Um dos golpes, em fevereiro deste ano, chegava a oferecer um falso curso por R$ 97,90 que “ensinava” a recuperar os valores usados no cartão de crédito.
Para convencer as potenciais vítimas, os golpistas também afirmavam se tratar de uma iniciativa governamental, chegando, inclusive, a criar páginas imitando o layout de sites oficiais do governo. Outra estratégia adotada foi o uso da imagem manipulada de personalidades, como o apresentador Luciano Huck e o apresentador William Bonner, dando a entender que eles teriam promovido tais iniciativas.
Vale ressaltar que o Banco Central mantém um link oficial para consulta sobre dinheiro esquecido em algum banco, consórcio ou outra instituição financeira. E, caso você tenha valores disponíveis, a página mostra como resgatar o valor. O site oficial é o valoresareceber.bcb.gov.br.
‘Venda’ de produtos esquecidos nos Correios, Receita Federal ou na alfândega
Falsas promoções de itens supostamente “esquecidos” e “abandonados” nos Correios, Receita Federal ou na alfândega serviram como iscas para golpistas lucrarem em 2023. Em julho, o site de fact-checking Lupa denunciou uma publicação que usava o layout do portal G1 para promover um falso leilão da Receita Federal, com smartphones e outros eletrônicos a preços a partir de R$ 150.
Em outra publicação, também com o layout do G1, golpistas prometiam aparelhos eletrônicos “abandonados nos Correios” por valores a partir de R$ 117. Na época, usuários relataram no Reclame Aqui que efetuaram o pagamento pelos smartphones com valores bem abaixo do preço de mercado, porém não receberam os produtos.
Da redação com Lupa