O renomado desenhista e escritor Ziraldo, conhecido por criar personagens icônicos como os de “O Menino Maluquinho” e “Turma do Pererê”, faleceu aos 91 anos. A família do artista confirmou o falecimento na tarde deste sábado (6). Ziraldo veio a óbito enquanto dormia em sua residência, situada em um apartamento no bairro da Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro, por volta das 15h.
Além de desenhista, Ziraldo também se destacou como chargista, caricaturista e jornalista, sendo um dos fundadores do jornal “O Pasquim” nos anos 1960, veículo de suma importância na oposição à ditadura militar no Brasil.
O velório está marcado para às 10h deste domingo (7) na Associação Brasileira de Imprensa, localizada no Centro. O sepultamento ocorrerá às 16h30, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul.
Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou sua infância. Sendo o mais velho de sete irmãos, seu nome foi uma combinação dos nomes de seus pais, Zizinha e Geraldo. Desde cedo, Ziraldo mostrou interesse pela leitura, tendo seu primeiro desenho publicado aos seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.
Sua carreira teve início nos anos 1950, na revista “Era uma vez…”. Em 1954, começou a colaborar com uma página de humor no mesmo jornal em que teve sua estreia.
Em 1957, Ziraldo formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No mesmo ano, passou a contribuir com as revistas “A Cigarra” e posteriormente “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com sua namorada de sete anos, Vilma Gontijo, com quem teve três filhos: Daniela, Fabrizia e Antônio.
Durante a década seguinte, ganhou destaque por seu trabalho no “Jornal do Brasil”, onde publicou charges políticas e cartuns, assim como fizera em “O Cruzeiro”. Foi nessa época que criou personagens como Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.
Finalmente, na década de 1960, Ziraldo realizou um sonho de infância ao se tornar autor de histórias em quadrinhos, publicando a primeira revista brasileira do gênero feita por um único autor, sobre a “Turma do Pererê”. Esses personagens incluíam um pequeno índio e diversos animais do folclore brasileiro, como a onça, o jabuti, o tatu, o coelho e a coruja.
A revista foi descontinuada em 1964, coincidindo com o início do regime militar. Cinco anos depois, Ziraldo fundou, junto com outros humoristas, “O Pasquim”.
Com textos mordazes, ilustrações irreverentes e personagens memoráveis, como o Graúna, os Fradins ou o Ubaldo, o semanário tornou-se um símbolo da luta pela democracia.
Apesar de enfrentarem a censura, Ziraldo e outros colaboradores do jornal, como Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis, persistiram em sua causa.
Um dia após a implementação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968, Ziraldo foi detido em sua residência e levado para o Forte de Copacabana.
Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “FLICTS”. A partir de 1979, concentrou-se na literatura infantojuvenil.
Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, foi lançado em 1980, tornando-se um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro de todos os tempos.
Carreira de Ziraldo
Ziraldo é reconhecido por sua multifacetada trajetória artística, destacando-se em diversas áreas:
Cartunista: Alcançou renome através de suas charges e cartuns políticos, amplamente veiculados em periódicos como O Pasquim, do qual foi co-fundador;
Escritor: Sua prolífica produção inclui mais de 80 livros, abrangendo desde obras infantis até crônicas, romances e peças teatrais. Destaca-se entre suas obras o clássico da literatura infantil brasileira, “O Menino Maluquinho”;
Ilustrador: Responsável por ilustrar não apenas suas próprias obras, mas também trabalhos de outros autores;
Pintor: Realizou diversas exposições de suas obras artísticas;
Dramaturgo: Escreveu peças teatrais tanto para o público infantil quanto para o adulto;
Cronista: Contribuiu com crônicas para jornais e revistas;
Humorista: Participou ativamente de programas humorísticos na televisão;
Jornalista: Exerceu o jornalismo em diversas publicações.
Ziraldo foi um artista profundamente engajado em causas sociais e políticas. Sua obra frequentemente abordava questões como opressão e desigualdade social, refletindo seu compromisso com a cultura brasileira.
Entre suas obras mais notáveis estão:
“O Menino Maluquinho” (1980);
“Flicts” (1969);
“O Gato Preto” (1975);
“A Supermãe” (1976);
“O Bichinho da Maçã” (1983);
“Menina Bonita do Laço de Fita” (1985);
“O Patinho Feio” (1986).
Além disso, Ziraldo foi membro da Academia Brasileira de Letras e agraciado com diversos prêmios, incluindo o Prêmio Jabuti e o Prêmio Hans Christian Andersen.
o site SeteLagoas,com.br faz uma homenagem a Ziraldo:
Da Redação com G1